Os amigos são a única certeza que temos na vida, disse um dia um poeta
açoriano. Os verdadeiros amigos são aqueles que ficam para o fim da festa
quando já toda a gente se foi embora. Reconhecem-se à distância e mesmo quando
estão longe sabemos desde sempre que estão próximos. Os amigos, ao contrário
dos pais e irmãos, são necessariamente escolhas nossas. Por isso, uma boa
amizade requer, na maioria das vezes, tempo para ser construída, exigindo
encontros e interesse constantes, atenção, muita partilha, risco e, se
possível, intimidade. Tal como o amor, a amizade nem sempre corre bem e, por
isso há zangas, conflitos - muitas vezes violentos - amuos sistemáticos,
separações, cortes abruptos e demoradas reconciliações. Muitas vezes não damos
o devido valor nem significado merecido às coisas raras que temos diante de
nós. Agora que voltei a falar com um grande amigo é que penso em tudo o que não
lhe disse, o tempo que perdemos afastados, os momentos que não partilhámos, mas
que, até que enfim, nos reconciliamos. Porque também acredito, à semelhança do
poeta Rui Machado, os amigos moram no
coração.
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