Para a palavra fazer, gosto da ideia da construção
E o que dela
existe nos movimentos normais.
Agrada-me a
palavra engenharia e o que ela
Representa:
não saias de um sítio sem deixares algo
Atrás de ti.
Dirijo-me apenas às coisas que me excitam
Positivamente
e me levam a fazer outras coisas, dirijo-me
Às pessoas
de que gosto, nunca às de que não gosto;
Sempre me
pareceu insensato que se pare,
Nem que por
um momento, de admirar, há
Sempre actos
e coisas que nos ajudam
neste
cálculo infernal da distância entre o dia de hoje
e a nossa
morte. E qualquer pessoa dar um passo que seja
em direcção
ao que não aprecia, para insultar, ou derrubar,
parece-me
brutal perda de tempo, uma falha grave
no órgão de
admirar o mundo
(deves
combater uma ou duas vezes na vida,
se
combateres duzentas vezes
é porque os
combates são fracos).
Não sei pois
como viver. O que li e vi
Serve-me
apenas para ser mais lúcido, não
Para ser
melhor pessoa. Adquiri esta regra (ou nasci com ela):
- e é talvez
uma moral -
mover-me
apenas em direcção ao que gosto.
Se o prédio
alto, escuro, feio
me impede de
ver o sol, não fico a insultá-lo, não
moverei um
dedo para o deitar abaixo:
contorno sim
os edifícios necessários
até chegar
ao espaço de onde possa receber aquilo que
quero. Se
chegar lá de noite, montarei acampamento.Gonçalo M. Tavares- 1. Edição: Relógio D’Água, 2004
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