Nuvens feitas farrapos cobrem por instantes o céu que se avista da praia de Porto Pim no declinar do sol. São vários
desenhos de nuvens que se estendem até ao horizonte, dispostos como lençóis brancos
repletos de curvas e de formas bem compridas. Há, no entanto, um clarão de luz a abrilhantar a cor rubro-alaranjada que emerge ao fundo de um cenário alvo e resplandecente.
A noite há-de chegar. E enquanto há reflexos de uma luz flamante resiste-se à
caminhada que nos virá a temperar a vista com um azul cerúleo, desbotado,
completando assim a solenidade de cores que se agrupam sem se agredir.
Acompanha-nos o marulhar das ondas como carneirinhos movimentados a compasso e a talho
de despedida de mais um fim de tarde ameno. Não tarda nada e a noite vencerá o dia.
Desfeita a ilusão que resta da claridade, recupera-se com esperança aquele momento
ténue e reluzente. É noite. A escrita deverá cumprir agora o seu dever do que resta
dessa incandescente interioridade.
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