lá no fundo, no fundo
dum mar que não é
nem do céu nem do mundo;
as velhas areias,
entre alguns feixes,
conchinhas, moluscos,
luzentes escamas
de meigas sereias
e rápidas flamas
do arco-íris dos peixes,
a chave lá está...
-Quem desce a buscá-la?
Cem anos, mil anos,
alguém que tecia
a mística rede
com sonhos humanos,
naufrágios e sede,
martírios e crimes,
geométricos gritos
e poemas sublimes,
cordinhas de viola
e nus de infinitos,
num pronto apanhou-a!
Se chega cá acima:
ao Cabo ou ao Pólo,
ao Havre ou a Goa,
ou mesmo a Lisboa!...
Mas, longa, a subida
tão longa, a demora
a conta sabida:
A hora por hora
é sempre uma vida...
in A Ilha de Sam Nunca, Atlantismo e Insularidade na poesia de António de Sousa, organização da Antologia de Natália Correia.
in A Ilha de Sam Nunca, Atlantismo e Insularidade na poesia de António de Sousa, organização da Antologia de Natália Correia.
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