segunda-feira, 15 de junho de 2015

Marujo

Dão, Dão
Triste vida a do marujo
Qual delas a mais cansada
Por mor da triste soldada
Às tempestades! Às tempestades!
Dão, Dão.
Andar à chuva e aos ventos
Quer de verão, quer de inverno
Parece o próprio inferno
Às tempestades! Às tempestades
Dão, Dão.
Passam-se dias inteiros
Sem se poder cozinhar
Nem tão pouco mal assar
Nossas comidas! Nossas comidas!
Dão! Dão!
E quando mestre de estribe
Dizendo desta maneira
Moço ferra subideira
Ao joanete, ao joanete
Dão, dão.
Tão bem prega seu falsete
Por não mais poder gritar
Cada qual ao seu lugar
Até ver isto, até ver isto.
Dão, Dão.
Dão, Dão.
Lembrar-me certas senhoras
Com quem me dava em terra
Agora me fazem guerra
Ao meu dinheiro, ao meu dinheiro.
Dão, Dão.
Quem aumentou esta cantiga
Foi um pobre marinheiro
Toda a vida embarcado
Sem ter dinheiro,
Dão, Dão.

Tema popular florentino pertencente ao Cancioneiro Açoriano, recriado por Carlinhos Medeiros in Cantar Na M´Incomoda, 1998.

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