“Talvez seja uma utopia do contra,
mais uma para a oposição do que para um governo, mas votar também é dizer não (como
não votar pode ser) e, ainda que eu não votasse neles para o governo, vários
candidatos, do Livre ao PCP, passando pelo Bloco, me parecem óptimos para essa
resistência: zero retrocesso na lei do aborto, direitos plenos para os
homossexuais, defesa do Estado Social, barreira contra os desmandos da Banca, a
antítese de uma cultura agradecida, decorativa, ufanista. A propósito, Pàf
assenta como uma bofetada nesta coligação. Portugal à frente de quê e para quê?
Da quantidade de portugueses que esta coligação fez sentir a mais? Será a
diferença entre patrioteiros e patriotas, mas sobre isso não me alongo. A ideia
de pátria não me interessa, o nacionalismo não ama mais, confina e distingue.
Interessa-me a ideia de amor a um lugar que se liga aos outros por isso mesmo,
não tem medo de se perder, está em toda a parte: partir porque é bom, ficar
porque é melhor. A vontade é que faz a casa. E aí podemos todos cantar com a
Patti Smith "people have power". Somos nós e não há outros.”
Alexandra Lucas Coelho in P2, dia 4 de Outubro de 2015
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