Um bairro que se revolta; uma
casa de operários que desencolhe à medida que se expande a consciência
colectiva dos seus moradores; uma comunidade que recusa a injustiça da pobreza
e compreende a força da sua união.
Uma sala de teatro pode ser palco
de uma revolução? A interrogação pode ser o motor da mudança, sim, e é essa a
proposta do Teatro de Giz neste seu regresso aos palcos. Luciano Amarelo, o
encenador convidado para nos ajudar a construir esta nova produção, criou uma
espécie de jogo de espelhos que reflectem (sobre) a realidade do nosso País, da
Europa e do Mundo; uma realidade que vem da rua, que por sua vez invade o
teatro, que por sua vez está também na rua. Não se Paga!, Não se Paga!, o texto
original de Dario Fo a partir do qual nasce este novo trabalho do Teatro de
Giz, mantém-se actualíssimo - apesar de ter sido escrito há mais de quarenta
anos -, tanto na ambição de defender os mais frágeis da sociedade como na
lucidez de o fazer através da comédia. Porque o riso, como disse o próprio
Dario Fo, liberta o homem do medo.
Texto pelo Teatro de Giz, Ilha do Faial.
"O riso. Sempre o riso. Quando uma criança nasce, os pais não descansam até conseguirem provocar-lhe o riso, fazendo-lhe caretas. Porquê? Porque o momento em que ela ri significa que a inteligência nasceu. Significa que ela soube distinguir o verdadeiro do falso, o real do imaginário, a careta da ameaça. Significa que ela soube ver para além da máscara. O riso liberta o homem do medo. Todos os obscurantismos, todos os sistemas ditatoriais se alicerçam no medo. Assim, toca a rir!" - Excerto da uma entrevista de Dario Fo ao L'Express, em 2006.
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