Acabou
Novembro, findou musicalmente da melhor maneira. E com ele foi tanta música
pelo espaço sideral embora, bastou por isso ver o músico gambiano, Mbye Ebrima,
a tocar a sua Kora na Academia das Artes no Festival “O Mundo Aqui”, organizado
pela AIPA. É bom, maravilhoso até, comer as comidas de países com gentes que
vivem e trabalham por cá. É mesmo muito bom, desfrutar da cachupa, do sushi, da
chamussa, beber um grogue, provar uma caipirinha, degustar uma sobremesa como o
bolo de coco ou uma cocada, saborear tanta gastronomia variada. Sabe bem, sabe
sim senhor. Apreciar a mistura, reconhecer a nossa história comum, as
diferenças que ainda existem e que em estado harmónico progridem. Conceber,
portanto, essa hipótese de um património conjunto. Ao mesmo tempo viajar com os
maravilhosos sons extraídos da kora de Mbye Ebrima, sempre com o seu riso, a
sua altura e figura esfíngica, os seus apelos à paz e ao amor, juntando com ele
no final Alexandre Gualdino, músico cabo-verdiano, sabendo que aquele momento
terá sido único, para mais tarde recordar, ainda que preparando o espaço e o
tempo para a doçura cálida do canto de Vânia Dilac, com nova companhia e visual.
Esta é a mistura que une, não a guerra, a música que é arte e que é fértil, que
fecunda a esperança de um mundo outro, possível na sua diferença e diversidade,
expressa por países e lugares tão distintos – Cabo Verde, Brasil, Moçambique,
Portugal, Açores - enfim, a memória e a liberdade de um entendimento possível
pelo canto e pela barriga. Assim seja.
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