Abandonei Febres Diárias
Abandonei
febres diárias
banalidades
típicas de um falso místico
sem
religiosidade nem reino
amaldiçoei
um absurdo destino
havemos de
renascer noutro consolo
sensações
desviadas de um outro percurso
num
aguaceiro feliz e destemido
Ao devolver
a candeia do presente
essa água
que escorre das montanhas
pela
limpidez secreta dos riachos
e o ciclo
deslizante da estação
lemos
sinónimos por germinar
protegidos
de admiração mútua
vestimos
trajes com flores e pássaros
é a mais
provável das verdades
com uma
única certeza
fomos
inteiros sem desconfiar
Lento Purgar de Casa Caiada
Reentramos
naquela casa por caiar
houve
desencontro ao volver da esquina
afastamo-nos
com uma una garantia
desfeitos da
tensa e fogosa proximidade
arriscamos unhas
e sementes
esmaecido
colorido das flores
Os Poetas Também Dançam
Os poetas
também dançam
Invadem com
sombra as multidões
À hora de
afogar vícios e glórias
Em suados ventres exibido nas camisas
Ávidas
paisagens abandonadas
Ardem como
mitos em lume brando
Esquecem inclinações
e desapego
Envoltos de dores e perdas consentidas
Das veias
temperadas e genuínas
Secos de
fontes e torrentes
Confortam
agitação e luz
Apagam velas e fogos de contentes
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