Porque me prometeste um dia assim tão belo
E me fizeste andar sem que usasse o meu manto,
Deixando as nuvens baixas tomar o meu caminho
Escondendo o seu fulgor em nevoeiro imenso?
Não te basta brilhar pelas nuvens envolto
Pela tormenta, pois que não chega unguento
Que cura a ferida, mas não cura a desgraça?
Nem a tua vergonha me conforta o tormento:
Que a culpa do que peca traz só alívio leve
Àquele que mais sofre e suporta a ofensa.
Mas as lágrimas suaves que o teu amor me dá
São ricas e resgatam todo o mal que me fazes.
William Shakespeare, “31 Sonetos”, Tradução de Ana Luísa Amaral, Relógio D´Água.
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