Dá-me
o mar, o meu rio, minha calçada,
dá-me
todas essas coisas, que embrulhei
nas cartas, e
aqueci nos beijos, dá-me tudo de
volta, mesmo
riscado e subtraído, sem pilhas
nem escamas,
apenas o pó do silêncio, e o
bolso fundo do
futuro, faz-me falta o musgo da
sombra, que
levaste no presépio da alegria,
dá-me o tempo
das searas, e o pão que devíamos
ter amassado,
na poesia da nossa cama, dá-me a
coleira dos
nossos gatos, para eu prender a
tristeza, e voltar a
rezar, se não levaste também, o
deus que sempre
nos perdoou, as horas no sofá, a
esquecer que
tudo isto, como tudo o resto,
passa e acaba.
Inédito com a Márcia
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