quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Um Poema de Daniel Gonçalves

Dá-me o mar, o meu rio, minha calçada, dá-me
todas essas coisas, que embrulhei nas cartas, e
aqueci nos beijos, dá-me tudo de volta, mesmo
riscado e subtraído, sem pilhas nem escamas,
apenas o pó do silêncio, e o bolso fundo do
futuro, faz-me falta o musgo da sombra, que
levaste no presépio da alegria, dá-me o tempo
das searas, e o pão que devíamos ter amassado,
na poesia da nossa cama, dá-me a coleira dos
nossos gatos, para eu prender a tristeza, e voltar a
rezar, se não levaste também, o deus que sempre
nos perdoou, as horas no sofá, a esquecer que
tudo isto, como tudo o resto, passa e acaba.

Inédito com a Márcia 

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