sábado, 4 de novembro de 2017

Dos Versos...

Fotografia de Escultura de João Cutileiro
(Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada)
Não me recordo da primeira vez que li poesia. Desde que me conheço que aprecio ler livros de poemas, há ali qualquer coisa de preciso na reunião das letras, no agrupar das metáforas, nesse colher de sentido acorrilhado num texto poético. Ainda hoje não soube explicar porque me contento tanto ao ler poetas ou quem me terá persuadido neste ímpeto e safra diária que faço das letras que carecem de explicação. A generalidade das pessoas de quem gosto e de quem sou amigo preza muito ler ou faz hábito da leitura de poemas no quotidiano. Desconfio também que somos melhores a ler os textos do que a compreender as pessoas e o universo que nos rodeia. O que faz com que a maioria das vezes sejamos surpreendidos com as suas reações ou a incoerência e impiedade dos seus comportamentos ou mesmo que reconheçamos quando alguém age deliberadamente com o intuito de agredir alguém e pretenda abertamente pôr a pata em cima. Desconfiamos, claro, do mal e tentamos realizar uma leitura esforçada dos gestos de quem o pratica, ainda assim convém que não façamos de conta que nada se passou. Os filósofos a sério, aqueles que gostamos de seguir, são aqueles que sabem interpretar a humanidade que nos rodeia e conseguem predizer o futuro. Os poetas, felizmente, não têm essa pretensão. Há qualquer coisa de vate que faz com que consigam ler por instantes os pensamentos dos outros sem dar uma explicação racional do mundo e da humanidade. Desta feita, os poetas “explicam” através dos versos, da vida feita metáfora, intuição, a nossa existência. E, por isso, é que passamos os dias a lê-los.

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