terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

A Meio de Fevereiro a Missiva para Janeiro

Caro Janeiro Alves, 
         
          Escrevo-lhe com alguma urgência já que urge o meu banho de mar...sinto-me com o corpo entorpecido, com défice de entusiasmo e energia e à espera do respectivo choque térmico necessário para o começo de mais uma semana de trabalho. Sob forte efeito da curiosidade está este meu estado mental, pois nada sei de si, meu bom amigo. Eis que entro por Fevereiro adentro e esta é a altura em que por vezes me dedico a reflexões de inclinação geográfica e melancólica: Por onde andará Janeiro? Que selo trará a sua próxima missiva? Que chafarricas literárias ou casas de pasto se encontra frequentar? O que levará vestido Janeiro aos domingos com o frio que se faz junto do Panteão? 
         Desta feita, tenho notado em mim o peso da sua ausência na caixa do correio, já que por ali apenas moram facturas, notas de débito e demais avisos das rebaixas recentes dos vinhos nos hipermercados. Entretanto, algo me tem deixado com alguma esperança, já que me disseram que o tinham visto em bailes de Carnaval, concertos de música experimental ou que presenciaram o seu semblante em jogos de bilhar, carteados, xadrez, gamão e houve até mesmo quem me garantisse que o viram num campeonato internacional de dominó… Não minto ainda se disser que não esperava ouvir o que ouvi. O que é um facto é que ouvi algures que o amigo Janeiro irá merecer a distinção de melhor obra literária em 2017. Mais uma vez, incompreensível. 

Um impaciente abraço 
Doutor Mara

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