Fotografia de Carlos Olyveira |
Vale
a pena dessacralizar a poesia, mesmo quando é substituída pelos acordes do
momento, acreditar que esta possa viajar em redor dos territórios mais inverosímeis
da ilha, à semelhança do Tremor da passada semana, que é comentada, partilhada nos
quartos, nos cafés, nas ruas, nas repartições, nas escolas, nos parlamentos e
que é dita por cabeças pensantes, algumas tensas, outras esclarecidas e, até
mesmo, as mais emotivas.
Houve,
entretanto, na semana que passou, o Dia Mundial da Poesia com honras de poetas
ditos e celebrados. Recentemente teve também lugar o Dia Mundial do Teatro
e, por aqui, houve quem se
atrevesse a encher a boca de baboseiras e continue a alimentar projectos megalómanos e afins, quando é tão raro
vê-lo ou até mesmo fazê-lo. O Teatro é para ser feito! Não tem eco nem bandeira, os jornais e políticos
pouco ou nada dão conta deste doloroso e apagado desinteresse. Por isso, relevante é
continuar dizendo (e não declamando, que palavra horrorosa!) poemas nesta noite
primaveril com a concentração sobre os livros pousados nas mesas de madeira
desse pequeno estabelecimento com tradição de leitura poética. A rua onde isto se passa tem nome
de antiga capital do reino, agora democracia europeia. Ou, então, soltar o ar
do tempo nesta pausa pascal para simplesmente saber da vida, deleitar-se com as estrelas
cadentes e fruir o esplendoroso luar de Março, pois o sol, sim esse astro luminoso, é garantidamente de
Medeiros/Lucas.
*Ruy Belo, in "Aquele Grande Rio
Eufrates".
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