quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Roma

I.

Não falaram muito. Guardaram cada um,
na escuridão da noite de Ferragosto,
as últimas palavras.
Nas suas línguas estrangeiras cercaram
regiões. Reservas de lugares que aproximaram
de cada um a sua deriva, na festa,
na Piazza S. Lorenzo.

Um último gesto - aceno e acento final.
Que a vida, no Verão, é uma iminência
entre horários de comboios e o peso
das mochilas.

Mais tarde, sob o céu nocturno junto
ao Panteon, voltei a vê-lo:
                 -Riscava fósforos. Para acender a noite. 


Rui Miguel Ribeir
o, in Europa e Mais 3 Poemas, Letra Livre, 2007

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