sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Venezia

O entardecer acende os escombros
dos vechi palazzi.
Nas águas mortas de Veneza acendem-se 
as cores, húmidos pigmentos,
podridos vermelhos, amarelos, azuis,
o deslumbrante fascínio da corrosão.

Sob a forma, a pedra exibe o quanto 
tem de corpo. Estanque albergue de paixões,
com o passar do tempo, a parcela de labirinto
que o próprio tempo esboroa.

Cárcere de ecos dissolvem a solidão,
faz ressoar nos rumores dos brindes,
o correr da cortina da noite, que sublima
na Piazza de S. Marco, os roubos,
de Alexandria e Constantinopla. 


Rui Miguel Ribeiro, Europa e Mais Três Poemas, Letra Livre, Novembro de 2017.

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