estar
a viver no lugar de viver
e
estar a ver que
se
se está vivo
não
há maneira de não viver com isso.
Apenas
a vista se cansa quando se está parado a olhar
Cansa-se
Sem
vista pode-se viver, mas para onde?
Vive-se
sentado enquanto as sombras crescem sempre para os dois lados
Até
elas ultrapassam os nossos pescoços
Hoje
morreu uma pessoa
E
o meu filho não percebeu
Penso
em arrancar todas as páginas cheias de uma agenda
Como
se de ervas daninhas se tratassem
Mos
o que está mais vivo?
A
Agenda sem folhas ou a fraca metáfora de chamar a essas folhas ervas
daninhas?
Quando
olho e vejo que nada do que agendei fazer irá fazer crescer alguma
coisa
nesta terra
Envergonho-me
da metáfora
E
prefiro ficar com todas estas folhas
Cheias
de eventos
Que
foram árvores
Como
se honrasse com a minha agenda
A
sua morte
Lígia
Soares, in Flanzine, nº18, Dezembro de 2018
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