o meu vizinho predilecto
morreu na guerra.
ele gostava de mim porque me acenava
quando dizia o meu nome.
no Verão, o meu vizinho passava, todas as manhãs,
perto da minha porta.
ia a caminho do mar.
quando me disseram que ele morrera na guerra
eu ainda não pensava que podia lá morrer.
eu não me recordo do nome do meu vizinho,
eu queria tanto dá-lo
à saudade que dele tenho.
Emanuel Jorge Botelho, Os Ossos Dentro da Cinza, Averno, 2017.
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