quarta-feira, 22 de maio de 2019

Da Leitura

“Aquele professor não metia à força o saber, oferecia o que sabia. Era menos professor do que trovador – um daqueles prestidigitadores de palavras que frequentavam as hospedarias dos caminhos de Santiago e que cantavam canções de gesta aos peregrinos analfabetos.
            Como tudo tem de ter um início, todos os anos reunia o seu pequeno rebanho nas origens orais do romance. A sua voz, como a dos trovadores, dirigia-se a um publico que não sabia ler. Abria olhos. Acendia lanternas. Dirigia as suas gentes pela rota dos livros, peregrinação sem fim nem certezas, encaminhamento do homem para o homem.
-O mais importante, era ele ler para nós em voz alta, era a confiança que ele colocava imediatamente no nosso desejo de compreender…O homem que lê em voz alta eleva-nos à altura do livro. Ele dá verdadeiramente a ler!”
 Daniel Pennac in Como um Romance, pág.38, edições Asa.

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