Caro janeiro Alves,
Não
posso terminar o ano de 2021 sem deixar de lhe transmitir que recebi uma
fortuna incalculável de dinheiro proveniente de uma parente que não vejo há
anos, mas que se lembrava de termos ido várias vezes à Galiza, seis pessoas num FIAT127, comprar caramelos e bacalhau seco, durante a minha meninice. Descobri, assim, que esta familiar mantém-se viva e alegre, muito
embora a sua longeva idade. Disse-me também que actualmente se encontra
autossuficiente e que não tem a quem ofertar a herança acumulada de anos.
Imagine, amigo Janeiro, que não se trata apenas dum verdadeiro saco de notas em dinheiro vivo dado que também me falou em conceder a chave da sua casa de férias em
Burgau, no barlavento algarvio, onde diz ter passado os últimos invernos.
Conta-me, assim, que já não possui paciência para descer até à praia e que pretende conservar-se pela sua Idanha-a-Velha querida, muito embora o frio acachapante das Beiras
nesta estação.
Deste
modo, foram dias intensos nesta quadra passados ao telefone a relembrar memórias
de tempos pueris não obstante permaneça demasiado reticente em aceitar tanto dinheiro,
ainda por cima vindo de alguém que aparenta ter pouco juízo. Esta fez questão de assegurar que receberei
o dinheiro nos próximos dias e que, caso decida não o aceitar, poderei doá-lo ou
oferecê-lo a uma instituição ou até mesmo dá-lo de mão beijada a um amigo ou conhecido. A ausência de herdeiros a isso justifica e permite.
Por
isso, pretendo que me diga onde posso realizar os melhores investimentos, as melhoras apostas nos anos vindouros que se seguirão ou até mesmo perguntar-lhe se o meu caro amigo continua com dívidas de grande estrondo ou necessita de comprar um novo esquentador.
Despeço-me e aguardo a sua resposta ainda no decorrer do ano em curso. Acredito que o mês de Janeiro se repita e que o meu amigo não reforce no mês homónimo os trabalhos do carteiro.
Aperto de falanges
bem robusta
Sem comentários:
Enviar um comentário