quarta-feira, 30 de novembro de 2022

terça-feira, 29 de novembro de 2022

FALTA#5: O Número Zero foi em 2018!


         Decorria a Primavera de 2018 quando começámos a pensar na edição zero da FALTA dedicada ao nome atribuído à revista/fanzine. Um nome que, por si só, projectava esse enorme desejo de materializar uma ideia  e a vontade de preencher um espaço. Arriscamos, como condição inicial, fazer toda a edição em tipografia, tendo como princípio explorar os materiais associados ao desenvolvimento de técnicas relacionadas com a serigrafia. O balanço, à altura, apesar de toda a inexperiência e demais desmandos, foi continuar as possibilidades dento do campo da impressão em serigrafia, essencialmente na realização da capa ou encartes. Em quatro anos, mesmo com pandemia, seguiram-se  edições dedicadas à Falha, à Folia, ao Falso, à Força e, também porque nos encontramos a meio do atlântico, concluiremos, em Dezembro, um número dedicado à Fauna/Flora.
       É, assim, que, pela primeira vez, juntamos dois temas que nos são próximos, assuntos que não podemos descurar e, que de tão valiosos, nos solicitam para manter o nosso foco disponível, atento, para além de estabelecermos uma vigilância que se quer redobrada. É um tempo novo que exige crítica, curiosidade, esforço e invenção. Queiramos, assim, que desta forma iremos disponibilizar energia, empenho e saber ao serviço do nosso entorno por aqui.
      Para já, vem aí mais um número da FALTA, sempre com muita gente a colaborar, pessoas que deram contributos de áreas tão diversas, oriundas de geografias distintas, à semelhança das participações do miolo que reflectem a ilha e o arquipélago onde vivemos. A FALTA está, portanto, pronta para ir de novo parar às mãos dos leitores e estes conhecerem outra experiência física inesquecível. Cumpriremos, assim, este desígnio actual, mantendo acesas as esperanças de que outras edições ainda melhores estarão por vir. Tenhamos, nós e vós, a paciência de aguardar. Aguardemos.

A Rapariga da Mala

La Ragazza con la Valigia de Valerio Zurlini
Cartaz daqui https://www.mymovies.it/film

Verso de Ângelo de Lima

 Pára-me de repente o pensamento 

FALTA#5: Fauna e Flora!

       Durante os dois dias deste fim de semana  fomos até às Oficinas de São Miguel, ali permanecemos envoltos em tintas e impressões da capa da FALTA#5. As Oficinas de São Miguel foram, assim, espaço aberto para todas as mãos e tintas necessárias para encetar esta parceria FALTA-Homem do Saco. O resultado é aquilo que iremos ver e tactear em breve. Na verdade, sempre foi um desejo antigo juntar gente com os mesmo propósito,  isto é, tornar a FALTA um espaço de aprendizagem, conhecimento e partilha das artes gráficas. Desta feita, acolher por aqui o Coletivo do Homem do Saco foi dar-lhes carta branca para criar e mostrar muito daquilo que eles tanto gostam e sabem fazer: a impressão serigráfica! Uma coisa é certa, eles gostaram muito de estar connosco e, como quem não quer a coisa, concretizaram rapidamente a impressão da capa desta edição que podemos considerar partilhada e conjunta, ainda que o cunho seja maioritariamente deles. É, sem dúvida, uma edição que mergulha a fundo na fauna e flora, traz essa respiração do mundo envolvente que nos circunda e o desejo de o tornar, caso ainda for possível, um lugar melhor! Um feliz bem haja!

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Apresentação de "Mandem Saudades"

          É um livrinho pequenino editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, não custa mais de cinco euros, e tem o título “Mandem Saudades”. O seu autor é Mário Augusto, jornalista da RTP e realizador do programa sobre cinema - “Cinemax”, que também fez um documentário com o mesmo nome. O livro e o filme serão hoje apresentados, às 18 horas,  no Auditório da Freguesia de Santa Clara, em Ponta Delgada.

         “Mandem Saudades” retrata e emigração portuguesa no Havaí, aquela que foi realizada entre o final do século XIX e início do século XX, contendo relatos da comunidade portuguesa que ainda hoje mantém viva algumas tradições. Nesta saga emigrante é de destacar a grande quantidade de açorianos que se estabeleceram por aí, contribuindo sobretudo para a baleação e o trabalho nos campos da cana do açúcar. Por lá deixaram ainda as festas do Espírito Santo, o pão doce e as célebre malassadas açorianas! 

Árvore e Poema

Aqui está uma árvore
o vento canta poemas sem palavras
na sua ampla copa
Sei
que o destino da árvore é transformar-se em papel:
um papel com ânsia de palavras
Sei
de uma palavra
com ânsia de se plasmar no papel
de uma palavra com ânsia de começar um poema
Sei de um poema não escrito que tem ânsia da sua
primeira palavra
de um poema que tem ânsia do seu poeta
Mas sei também
que o poeta sofre
quando se abate a árvore para a transformar em papel.


Maria Wine,  Nattlandia, 1975

Nefelibatas de Todo o Mundo...

 Aqui olha-se para o céu: https://cloudappreciationsociety.org/

PS; Via reportagem DN: https://www.dn.pt/1864/a-sociedade-dos-que-andam-nas-nuvens-10149441.html

terça-feira, 22 de novembro de 2022

Terça-Feira

Não tragas
o aroma
dessa rota azul
 
hoje é terça-feira
e eu tenho
as pernas ocupadas
com o outono
de outra rua
menos morta
 
 Hoje é terça-feira
mas não sei
ouvir outra zoada
se não os teus
sapatos brancos
repletos de noite
a descer
a escada do meu
corredor esquecido.

 J.H. Borges Martins in “Por dentro das Viagens”, 1973, edição de autor.

domingo, 20 de novembro de 2022

Público: Primeira Página

Sábado: "O `mundo à parte´ dos trilhos e das fajãs de São Jorge"
Domingo "Ponta Delgada quer ser uma democracia cultural" 

in Jornal Público

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Um Poema de Miguel Martins

A vida é impossível, não importa
o Vicks Vaporub, o que  nos fazem 
ou o que nós fazemos, se ou quando.
Desde que o primeiro homem se lembrou
de que não era cão, ficámos condenados
a saltérios e musas e juros com fermento,
à sina de gravatas e aprestos.
Que mal tinha ser cão, além do bem
de comer carne crua e cheirar cus
e vaguear pelas estações do mundo?
Mas não: havia que salgar a focinheira
do porco, pôr rosmaninho nas virilhas
e inventar a cadeira rotativa,
moribundelirar amores obtusos
e de tudo intentar a mais-valia,
composta e previdente e pequenina.

Ora acontece que, seja dia ou noite,
só me apetece ladrar à maresia. 

in "Do Lado de Fora - Dispersos escolhidos-1995-2017"-edições Abysmo.

domingo, 6 de novembro de 2022