segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Agosto com Cinema nos Cineclubes

       
            São apenas quatro quilómetros que separam as duas cidades nortenhas (Póvoa de Varzim e Vila do Conde) e onde sempre coexistiram cineteatros com longa tradição na exibição de cinema. Estamos, assim, no Verão e ambos os cineclubes oferecem sessões com filmes a quem está de férias. As ruas encontram-se novamente cheias de turistas com línguas diferentes, assim como o português do Brasil é agora de fácil de escutar em qualquer espaço de convívio. Há, como é tarimba cineclubística, filmes dos quatro cantos do mundo para ver e apreciar. Começámos pelo francês “Os Filhos dos Outros”, de Rebecca Zlotowski, que retrata a vida de uma professora de meia idade que um dia conhece Ali, com quem desenvolve uma relação afectiva, sendo este pai de Leila de quatro anos. Virginie Efira, no papel de Rachel, chega assim a questionar o seu percurso existencial: ser mãe ou entregar-se ao cuidado da filha do companheiro. Um belíssimo papel de uma actriz num filme comedido. Continuando no cineclube Octopus, espaço afirmativo de uma programação cinematográfica diversificada e eclética, agora a completar quarenta anos de idade, voltou a apresentar – “Tenho Sonhos Eléctricos”, de Valentina Maurel. Um filme costa-riquenho que nos transporta até uma adolescência virada do avesso pelo divórcio dos pais e que é um mergulho nessa inquietação juvenil com dores e crises de crescimento, ainda que repleto de lugares-comuns, sempre com muito ritmo e muita alma. Dias depois e, de regresso ao Solar de Vila do Conde, para assistir na noite de sábado ao ar livre a “Elis &Tom”, de  Roberto Oliveira. Cem minutos de pura maravilha, com imagens e depoimentos de João Marcelo Bôscoli (filho de Elis Regina), Helio Delmiro (guitarrista do disco “Elis&Tom”), André Midhani (diretor geral da Polygram em 1974), Beth Jobim (filha de Tom Jobim), Nelson Mota (escritor e compositor), César Camargo Mariano (pianista e arranjador do álbum), entre outros. Quase cinquenta anos depois vemos imagens inéditas, o relato e as incidências desse álbum considerado por muito boa gente com uma obra prima.  
          Por fim, ainda que dentro da programação estival do Cineteatro Garrett, houve tempo para visionar  “Oppenheimer”, de Christopher Nolan, que retrata o universo da energia nuclear e o conhecimento que deu origem à criação da bomba atómica, num filme recheado de efeitos visuais com uma forte componente sonora e que tem na presença fulgurante de Cilliam Murphy, o seu motivo explosivo. E, talvez por isso, num verão ainda que sobre aquecido...teremos sempre estas cidades costeiras amantes da sétima arte e da nortada bem fresquinha!

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