terça-feira, 28 de novembro de 2023

1 de Dezembro no Corvo

"Três Haikais, um Peixe Surfista e Uma Canção de Amor para
o Areal" de
Fernando Nunes e Gabriela Oliveira
Fotograma de Gabriela Oliveira 
 


Oh Dear Shane MacGowan!

              Este blogue celebrou os 60 anos de idade do cantor irlandês, Shane MacGowan, evocando o concerto realizado no dia 15 de janeiro, em 2018, no National Concert Hall, em Dublin, na Irlanda. À altura, o momento épico deu-se quando, conjuntamente com o australiano Nick Cave, sentado numa cadeira de rodas e com um copo de tinto na mão, cantou "Summer in Siam" para uma audiência em delírio que, perante a vulnerabilidade do seu ídolo, celebrava a sua longeva idade cantando em uníssono.       
          Na manhã de ontem, um amigo que me acompanhou a um concerto no Porto dos Pogues, nos idos anos 90, enviou-me uma imagem de Shane na cama do hospital, enfermo e a definhar, e em que não consegui outra reação senão a mágoa, uma profunda tristeza e a nostalgia de um outro tempo que não volta mais. 
           Por esse motivo, nada melhor do que ouvir o tema Fairytale of New York, uma canção a condizer com a quadra actual e onde se ouve, logo a abrir, o enleio e a jovial voz deste cantor de mão cheia. Thank you, dear Shane!!!

Ionesco no Teatro Faialense

Teatro de Giz
25 anos 
 

terça-feira, 21 de novembro de 2023

Pelo Livro, Sempre!

         “Ao chegarmos ao fim do ano de 2023, continuamos a constatar que nos Açores grande parte da população não lê, e, simultaneamente, verificamos que, por insuficiência pedagógica, com a introdução da digitalização dos manuais escolares, ou devido à acção de diversos tipos de captação e entretenimento, o livro esse alicerce maior da nossa cultura e da liberdade, corre sérios riscos de subalternização, ou pior, de ser olhado como objecto cultural ultrapassado e supérfluo.
            Conhecedor e consciente desta situação, entendo como dramático, a falta de sensibilidade e o total desinvestimento nesta área por parte dos decisores políticos. Continuamos a constatar que grande parte dos açorianos nunca usufruíram do prazer da leitura, nunca tocaram, ou folhearam um livro novo que se dispõe a ser lido e a retribuir generosamente o fascínio ao seu leitor.
          Para a sua concretização, torna-se fundamental criar hábitos de leitura. Quer fazendo chegar o livro a todos os lugares onde residem os seus potencias leitores, quer desenvolvendo múltiplos processos de sedução que valorizam sempre o livro com uma misteriosa riqueza espiritual partilhável, positiva em todas as suas vertentes.”

 in Manifesto pela Leitura, José Carlos Frias, Correio dos Açores, 29 de Ouaubro de 2023.

Da Memória

         "Por que razão somos capazes de rememorar acontecimentos da nossa vida pessoal que remontam à infância, enquanto factos com semanas de existência se apresentam completamente obscuros?"
Ana Cristina Leonardo, Ípsilon, 13 de Outubro de 2023.

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Da Arte de Governar

         "Já disse relativamente a mim própria e muitas pessoas várias vezes: só não erra quem não faz. E às vezes nós temos quase uma tendência para ficar paralisados...Quem está parado não erra, mas não pode ser. Governar não é ficar parado."

Alexandra Leitão in Público, 15 de Novembro de 2023

domingo, 12 de novembro de 2023

Festival O Mundo Aqui: Dá-lhe Corda!

     
                É uma festa que acontece todos os anos em Novembro e junta gente de muitas proveniências num único espaço: Multiusos das Portas do Mar. Há comida, artesanato, artes visuais e muita música para absorver num espaço de dois dias. Aqui dá para saborear as comidas e bebidas dos países de gentes que vivem e trabalham por cá - cachupa, muamba de galinha, feijoada, tacos, chamuça, ou beber um grogue, provar uma caipirinha ou degustar uma sobremesa como o bolo de coco ou cenoura, esteios de uma gastronomia variada.  Dois dias, assim, para degustar os sabores da mistura, ou simplesmente, reconhecer a nossa história comum, as diferenças que permanecem e que podiam progredir para conceber e aceitar, portanto, um património cultural conjunto.
           Desta feita, a noite de sexta-feira trouxe dois mundos próximos ainda que distintos no universo da música tocada por cordas, tendo o serão iniciado com o Trio Origens e o seu reportório cada vez mais variado, persistindo (e bem!) no cancioneiro açoriano e arriscando cada vez mais num conjunto de temas originais assentes na tradição e possibilidades da viola dos dois corações, aqui adicionando um violino. Estão de parabéns César e Rafael Carvalho e Carolina Constância. De seguida, amarou o músico gambiano, Mbye Ebrima, oito anos depois da sua primeira apresentação em São Miguel na Academia das Artes neste Festival “O Mundo Aqui”, organizado pela AIPA (Associação de Imigrantes  nos Açores).  Os sons extraídos da kora de Mbye Ebrima, sempre com o seu sorriso e o seu porte e altura de tal figura esfíngica, são hipnóticos e funcionam como mantras de apelos à paz e ao amor. Na noite de sábado, a banda de Leo da Luz & Banda, de origem cabo-verdiana, soube aquecer o público e preparar o espaço e a mente para as danças aconchegantes e o canto cálido e exuberante de Don Kikas, num regresso aguardado à ilha onde viveu. Esta é, pois, a mistura que nos une, não a guerra, a cultura de que as artes da gastronomia e da música são férteis, algo que nos fecunda na esperança de um mundo outro, onde seja possível a diferença e a diversidade.

Ontem, escrito numa parede da cidade

O polvo veio comer-me à mão 

domingo, 5 de novembro de 2023

Quem se lembra dos Dexy´s Midnight Runners?

         "Não conheço nenhuma outra banda que escreva acerca das outras coisas concretas que, agora, escrevo nem que publique um álbum conceptual com uma narrativa que lhe ofereça unidade. Talvez apenas os Primal Scream. Bobby Gillepsie. Ele, ao menos, esforça-se por criar algo diferente. " 

Kevin Rowland in Revista Expresso, 13 de Outubro, 2023

Da Vida

    A vida é insignificante se não está inspirada por uma vontade indomável de superar os limites.

Ortega y Gasset 

sábado, 4 de novembro de 2023

Verso de Filipe Furtado

 Dizem que tenho de ir ao Brasil 

Lenda de Rui Costa

 horas de crepúsculo a enfeitar melancolias 
na palma dos teus olhos  que agrafam gestos 
quando eu me movo tu dizes que sou belo
e rimos consagrando a nossa lua ao tempo
por menos que um desejo abrimos o segredo 
dos órficos duendes nas rias de Gonery
lembro-me de um pano colorido que voou 
quando abrimos as janelas 
e o mundo ardia 
Gostavas da vida. sou igual a ti, um lobo espreita
a tua cara que nunca foi a mesma. a erva cresceu.
no entanto algo nos une. sinto conforto nisso.

in A Nuvem Passageira das Pessoas Graves, Quasi Edições, Maio de 2005. 

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Ilustração de Luís Miguel Castro (V)

             in Cântico dos Cânticos 
        Apresentação de Agustina Bessa Luís
                 Três Sinais Editores, 2001