despertar
desperto
deserto de ter-te
por perto
quinta-feira, 30 de janeiro de 2020
terça-feira, 28 de janeiro de 2020
domingo, 26 de janeiro de 2020
sábado, 25 de janeiro de 2020
O Mar dos Meus Olhos
Há
mulheres que trazem o mar nos olhos
Não
pela cor
Mas
pela vastidão da alma
E
trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam
para além do tempo
Como
se a maré nunca as levasse
Da
praia onde foram felizes
Há
mulheres que trazem o mar nos olhos
pela
grandeza da imensidão da alma
pelo
infinito modo como abarcam as coisas e os homens...
Há
mulheres que são maré em noites de tardes...
e calmaSophia de Mello Breyner Andresen
quarta-feira, 22 de janeiro de 2020
terça-feira, 21 de janeiro de 2020
Mar, a Última Fronteira
Com Mar, a Última Fronteira o objetivo era “surpreender os portugueses”.
“Fazer o primeiro grande projecto sobre a nossa vida marinha. Filmar todos os
sítios mais remotos que fossem. A costa continental portuguesa inteira, sete
das nove ilhas dos Açores, o arquipélago inteiro da Madeira.” A ideia – mais ou
menos a mesma que leva a dizer que “as pessoas protegem o que amam” – era “deixar
os portugueses orgulhosos por termos esta vida marinha – por ainda termos vida
marinha. Claro que é um projecto de conservação. Não queremos seja catastrófico
e negativo. Queríamos que os portugueses se interessassem pela vida marinha e
se preocupassem em conservá-la. O formato? Mais Cousteau que David
Attenborough, menos locução de imagens captadas e mais aventura e reacções em tempo real (obrigado full face mask,
debaixo de água que transporta os espectadores para o fundo do mar). “Torna
tudo mais espontâneo. As pessoas sentem que estão debaixo de água connosco. Se
acontece o imprevisto, elas acompanham as sensações e emoções. As pessoas
passam pelas aventuras connosco. Se há um problema e somos atacados por um
peixe-porco, elas vivem isso.”
Nuno Sá em entrevista a Luís Octávio Costa, Suplemento "Fugas", Público, 11 de Janeiro de 2020.
domingo, 19 de janeiro de 2020
Da Genialidade
"Soube que era um génio quando comecei a encontrar o romance nas montras das livrarias; quando o retrato principiou a aparecer no jornais; quando dei a primeira entrevista à televisão. Consciente da minha celebridade e do meu talento pareceu-me injusto não sair para a rua a pé, em carro descoberto, cercado por guarda-costas de óculos ray-ban, a mostrar-me e a abençoar."
António Lobo Antunes, in Algumas Crónicas, Publicações Dom Quixote.
sábado, 18 de janeiro de 2020
Sara Cruz e Romeu Bairos no Teatro Micaelense
Ontem,
dia 17 de Janeiro, estiveram no palco do Teatro Micaelense os músicos Sara
Cruz e Romeu Bairos, num espectáculo intitulado Dentro da Caixa. Sara Cruz teve
honras de abertura, cabendo a si a tarefa de aquecer a audiência com os temas do seu
trabalho “Above our Heads”.
Sozinha em palco, apresentou temas antigos e outros
originais, evidenciando grande confiança e sagacidade, interessada que estava em
proporcionar uma noite recheada de canções orelhudas, melodias povoadas de histórias
de amores, perdas de aviões e outros desamores, pontuadas aqui pela sua voz
segura, leveza e graciosidade em crescendo. Depois, seguiu-se Romeu Bairos que encantou o público
presente ao cantar os temas do seu EP - “Cavalo Dado”, editado em 2019, e,
claro, dando voz a temas de Zeca Afonso – “Cantigas de Maio” ou Francisco José
com “A Rosinha dos Limões”. Acompanhado pelo músico jorgense, Paulo Borges,
umas vezes ao acordeão outras num pequeno piano digital, Romeu Bairos foi certeiro na
intensidade dos temas do seu debutante disco, agarrando o público com pequenas
histórias e desvarios nos momentos iniciais das canções, para lá do momento “poético”
em que convidou João Malaquias, para com ele cantar repetir os versos de “Quantas Asas tem o Vento do teu Nome”, letra pertencente ao escritor micaelense, Leonardo Sousa. O concerto fechou tal como começou, com este eufórico a cantar "Meu Amigo Anda Sozinho", mas com a certeza absoluta de que saímos todos muito bem acompanhados.
segunda-feira, 13 de janeiro de 2020
Uma frase de Jacques Yves Cousteau
O mar quando nos lança o seu feitiço aprisiona-nos na sua rede para sempre
domingo, 12 de janeiro de 2020
Ver Cinema a Norte
Tempo de interioridade, estação do frio e do
recolhimento, espaço de encontro com as artes visuais. Cineclubismo em alta,
condições renovadas e aprimoradas da sala do Cineteatro Garret – Póvoa de
Varzim - para desfrutar da sétima arte, partilha e pluralidade de visões do
mundo bem como diferentes cinematografias. A começar, o filme “Parasitas”, de
Bong Joon-Ho, uma película aclamada com a Palma de Ouro no último Festival de
Cannes, reconhecida com as melhores críticas da especialidade. Um filme que
mistura diferentes géneros, ao mesmo tempo que centra a sua ação no interior de
uma casa arquitetonicamente preparada para o efeito e no confronto “classista”
entre duas famílias. Repleto de humor, imaginação e ironia sobre o “elevador
social” coreano, “Parasitas” é um filme que agarra o espectador, provocando emoções díspares sobre o comportamento humano em diferentes situações. Chega a ser confrangedor e motivo de vergonha alheia o momento em que, aproveitando-se a ausência dos proprietários da casa, a família de vigaristas se reúne para celebrar o golpe e
desvendar as motivações rasteiras que estiveram na origem daquele ajuntamento.
Ali mesmo ao lado, na segunda maior cidade deste
pequeno país, onde já se viveram outras histórias e memórias, relembre-se que o
Cinema Trindade, no Porto, é sala com mais de um século, continue, por isso, com
nova dinâmica, atrai agora um leque alargado de amantes do cinema, sendo já novo pólo de
encontro e curiosos interessados nos diferentes géneros da sétima arte. A quarta vida renascida deste espaço deve-se
a Américo Santos, fundador da Nitrato Filmes, empenhado que está em dar cinema
quatro vezes por semana aos portuenses e seus visitantes. O primeiro filme a ser visto foi
“Rapariga Fácil”, de Rebeca Zlotowski, um drama em jeito de comédia, procurando
nesse cenário estival, Cannes, sul de França, a leveza e diversão em tornos desses anos voluptuosos e sensoriais do período juvenil. A
câmara acompanha duas jovens Naima e Sofia em plenas férias, as noites quentes
de verão, o glamour e a luxúria das marinas. No final, a sabedoria pertence obviamente a Sofia. Surpreendente é o filme “Clara e
Claire”, de Safy Nebbou, numa adaptação do romance de Camille Laurens. Uma
película densa que, apesar do tom palavroso ou mesmo de grande pendor
descritivo, recupera o gosto pela celebração da arte da representação, a diversidade das emoções humanas e das expressões
faciais, denotando também um especial gosto pela duplicidade e exploração da
“persona”, aqui expresso na personagem interpretada pela actriz multifacetada –
Juliette Binoche. A actriz francesa interpreta aqui Claire, uma professora
universitária, de meia idade, recém-divorciada, que inventa um perfil no
Facebook, vivendo assim uma outra vida, jogando aí outra existência, virtual
e arriscada.Um filme que é, per si, uma belíssima homenagem à actriz francesa,
que nos continua a seduzir e agarrar desde o princípio até ao final da narrativa, por sinal, muito bem engendrada.
sábado, 11 de janeiro de 2020
Não Pai de Daniel Blaufuks
Daniel
Blaufuks escreveu mais um livro na primeira pessoa. Trata-se de um pequeno
"passaporte biográfico e existencial" que tem a particularidade de
falar da sua memória familiar, do seu passado e, sobretudo, de relações
filiais. Este livro é sobre uma falha, uma falta dolorosa e inesperada, um
abandono inominável, temas tão caros à melancolia, e, mesmo assim, a vida
continua. Belo!
sexta-feira, 10 de janeiro de 2020
segunda-feira, 6 de janeiro de 2020
Uma Missiva Janeirinha para Janeiro Alves
Insigne Janeiro Alves,
Obediências e cotejos deste seu amigo que não o esquece,
Acolhi
a sua carta de fim de ano enrolado em cobertores e fui lendo as suas sentenças e
narrativas com o eflúvio das derradeiras brasas espargidas na salamandra. O meu
amigo Janeiro com a sua missiva à laia de
31 fez jus ao número e à atitude, confirmando com este seu gesto o que já é
uma longa tradição de décadas. Só não percebo, ainda que tenha feito mesmo um
grande esforço, quem lhe possa ter dito que eu fui cantando aqui e ali pequenos
trechos do Gingle Bells, quando na verdade interpretei (em plena avenida de
Santa Catarina) trechos intermináveis da Carmina
Burana, do germânico Carl Orff. Que sucesso retumbante!
Comunico-lhe, assim, que visitei durante alguns dias da quadra festiva uma estação termal de
São Pedro do Sul onde realizei banhos quentes, desta feita mergulhei em tanques
de vinho e chocolate muito quente, sempre a temperaturas simpáticas e bem
agradáveis, a contrastar com o gelo que fazia cá fora. Apesar do gosto pela
familiaridade e das corridas colectivas ao consumo propício da quadra, passei,
entretanto, jornadas de felicidade pura instalado nesses tanques aromáticos ou
então no recato da minha habitação rodeado de livros de poesia obscura, muita
música dita alternativa e um conjunto de filmes marginais. Sim, tudo isto foi o
bastante para me ocupar e afastar das compras e presentes natalícios. Por sorte, encontrei por lá a amiga e curadora, a estoniana
de origem francesa, a Annemarie Ripsmed, com quem partilhei chá verde e uma
caixa de queijadinhas da Ilha Graciosa.
Mencionado
este pequeno lembrete, e porque o ano já vai com algum gás, relembro-lhe que
agora estou já acomodado no meio do atlântico a recolher material para mais
uma obra ensaística e, quem sabe, um romance sobre a natureza das relações
humanas. Não gostaria de terminar esta carta sem lhe dizer que não me recordo
de alguma vez me ter emprestado cem euros. De qualquer modo, guardei o seu nib para o caso de
me sair alguns trocos na raspadinha diária que realizo no snack-bar do meu
bairro. Sei que o amigo Janeiro aprecia uma boa esmola despreocupada.
Digo-lhe
adeus como se estivesse fascinado por gladíolos ou impressionado pelo voo
secreto das mariposas, augurando ao amigo Janeiro um novo ano muito diferente
do anterior, sabendo que só poderei voltar a ouvi-lo em Fevereiro, o que muito
me encanta.
Obediências e cotejos deste seu amigo que não o esquece,
Doutor Mara
quinta-feira, 2 de janeiro de 2020
quarta-feira, 1 de janeiro de 2020
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