Dario Fo, encenador e actor italiano
quarta-feira, 27 de março de 2013
Dia Mundial do Teatro
Dario Fo, encenador e actor italiano
domingo, 24 de março de 2013
quinta-feira, 21 de março de 2013
Fazer versos Dói
custa. Mas nunca nada me custou tanto que
quarta-feira, 20 de março de 2013
Coragem
Cartaz do filme "Má Raça" de 1986 |
Três Sacrilégios no Peter
1.“Senor,
is this Horta, is this Peter Island?” Não percebe nada de mar e veio
aqui dar à costa, este inglesinho que, de certeza certa, fugiu à escola para
brincar aos barquinhos. “And Faial Island, if you don´t
mind”, digo eu. Não
sossegou e acredito bem porquê: estou na catedral dos iatistas e pediu a Mr. Peter
Azevedo uma coca-cola com muito gelo. Estava cometido o primeiro sacrilégio.
2.Sentado a uma bela e ossuda
mesa de castanho roseira, ia deixando que o fresco gin me aquecesse a garganta “Lembras-te, José” – perguntava já meio
tonto ao José que sou eu – “do Peter
velho aqui ao lado com o velho Peter todo branquinho naquela cabeça a preparar
gins porreirinhos às escondidas para ninguém saber o truque? Lembras-te, José, da
tua primeira vez? Foi uma, foram duas, foram três e à quarta, pifaste! Tão
novinho e pifaste José!.. Pifei, José!” – respondo eu ao José que sou eu. Um puto em idade colegial e em
férias pascais, entornar de uma só vez quatro torneiradas de gin-tónico, é cá
um pifo e tantas. Sonhar com o que foi bom no passado, também é um sacrilégio.
Este é o segundo da crónica.
3.Decididamente, não gosto dos
“Cruzeiros”. Dói-me na alma olhar ali para a acrobática “Espalamaca” e vê-la na
bancada, como menina trapezista de circo arrumada na prateleira. Sentado no
muro em frente ao “Peter” e olhando defronte o Pico, falta-me as “lanchas” e os
mestres e os marinheiros e os cestos de duas asas chegarem carregados de
ameixas vermelhas e de homens e mulheres de chapéu-abeiro. E falta-me também
aquelas testas tisnadas de mar do pessoal das “lanchas”. Nesta nostalgia, o
terceiro sortilégio agora é meu: É pecado estar de costas seja para que altar
for. É que eu já não sei se hei-de olhar para o Pico, ou vê-lo reflectido numa
vigia do “Peter-Café Sport”.
terça-feira, 19 de março de 2013
Capitalomania
segunda-feira, 18 de março de 2013
A Terra Vista do Mar
domingo, 17 de março de 2013
És Amor
sábado, 16 de março de 2013
Marujo
sexta-feira, 15 de março de 2013
quinta-feira, 14 de março de 2013
Enomatria
Algumas semanas depois da invernia ter começado, eis o Doutor Mara num
tugúrio citadino mal-afamado, ainda por cima com uma bandeira nacional sobre os
ombros e, acreditamos dizê-lo sem qualquer tipo de ofensa ou má criação, que o
digníssimo se encontra encharcado em vinho tinto da cooperativa. Debaixo do braço do doutor Mara, o livro de
Willy Helpach, “Geopsiché – l´ame humaine sous l´influence du temps, du climat,
du sol et du paysage”, numa tradução francesa muito velhinha da editora Payot,
de Paris. Doutor Mara, sem querer imiscuir-nos na sua vida pessoal, celebra-se
alguma coisa por estes lados nesta noite chuvosa?
DM: Há alguma razão
para trazer a bandeira portuguesa aos ombros, Doutor Mara?
Doutor Mara: Alguma lata e
algum descaramento, pois claro. Mais
concretamente a bandeira serve para eu me poder encostar com segurança ao
balcão. Aqui o taberneiro, o meu amigo, Gonçalo Pratas, um homem de armas como
vocês podem ver, não pode ver nada sujo e está sempre a deitar detergente e
líxivia para cima do balcão. Com esta sua atitude, já me deu cabo de umas
quantas camisas de cor compradas nas melhores boutiques de ocasião. Já se sabe,
a bandeira protege das nódoas e esta foi comprada por alturas do Europeu e já
está um pouco desbotada…as manchas não ofendem a pátria, pelo menos não tanto como
aqueles que andam agora com um pin na
lapela.
DM: Doutor Mara, há muita gente que gostaria de transmitir respostas e
anseios ou então apenas devaneios chamados de torrente de ideias sobre o que
vão lendo das suas charlas quotidianas. Tem noção do impacto que cada charla do
Doutor Mara tem na nossa sociedade?
Doutor Mara: Deixem-se de bajulices, já vos tenho dito, qualquer
dia deixo de conversar convosco e então será o fim do mundo. Pensar, reflectir
e escrever são partes de um processo longo e do qual não tenho feito outra
coisa ao longo da vida. O importante seria que cada cidadão pensasse e agisse
por si próprio, que fosse aquilo que a sociedade ilustrada do século das luzes
sempre sonhou: um cidadão atento, activo e participante nas decisões da polis. O
meu grande amigo George Orwell tinha uma posição mais crítica sobre o que se
publica por aí, pois este dizia que “jornalismo é publicar aquilo que alguém
não quer que se publique” e que “o resto é publicidade”.
Doutor Mara: As palavras ajudam-nos a definir e a organizar o mundo
em que vivemos ao mesmo tempo que nos ajudam a situar e a perspectivar o lugar
de onde queremos vê-lo. O mundo está permanentemente a ser recriado pelas
palavras, pois são estas que permitem novas significações. As grandes ditaduras
e as sociedades capitalistas usam diferentes formas de manipulação das opiniões
públicas, mas tocam-se no essencial: a propaganda e a publicidade. Podia ter sido pescador, mas fiquei em terra, a tecer redes de palavras...
DM: A conversa já vai longa. O que é que gostaria de transmitir aos
portugueses, Doutor Mara.
Doutor Mara: Em primeiro lugar, que bebam vinho de qualidade. Que
sejam exigentes e que leiam sobre os novos vinhos que tem vindo a ser feitos
nas diferentes regiões vitivinícolas. Depois, não devem ter medo de oferecer às
namoradas/os, amigos e amigas caixas de vinho ou mesmo garrafões de cinco
litros de vinho, desde que sejam de qualidade, claro. Pode ser que, entretanto,
baixem o preço das garrafas. Haja saúde.
terça-feira, 12 de março de 2013
Hitchcock
domingo, 10 de março de 2013
sexta-feira, 8 de março de 2013
quinta-feira, 7 de março de 2013
Chalandra
quarta-feira, 6 de março de 2013
Pela Boca Vão-me ao Bolso
Notas para um ensaio sobre açorianidade
terça-feira, 5 de março de 2013
Mineral Esperança
segunda-feira, 4 de março de 2013
Alexandre O´Neill por António Tabuchi
Fotografia de Alexandre Delgado O´Neill |
sexta-feira, 1 de março de 2013
Anarquistas
Miguel M. é meu amigo por
natureza e é anarquista por profissão. Por mais brilharetes que as chefias
possam fazer, com ele nunca lucram nada. Se, por exemplo, chove, ele treme por
um bronzeador que o ponha sãozinho que um pêro e maduro como uma amora. Está
céu aberto e ei-lo a barafustar que as culturas vão ao ar, que os pássaros não
encontram charco onde molhem o bico, que os peixinhos vermelhos do tanque estão
aqui a afogar-se no lodo. Anarquista é o que ele diz ser. Por mim, chamo-lhe
espírito de contradição nas horas boas e varrido-de-todo quando vou ficando sem
paciência para o aturar. É claro que ele vai-se safando com desculpas de mau
pagador e cita parábolas e tiradas filosóficas que, no fim, acabam em nada. Mas
vai falando, o que não já não é nada mau. O que é mau é quando ele se arma em
defensor de causa alheia e atira para cá fora umas tantas bacoradas que vê-se
logo que não joga com os trunfos todos.
Pois é.
Aqui há anos andava Miguel M. de
manga arregaçada e língua em riste, desbaratando tudo e todos os que entendiam
que a agricultura dos Açores ou levava uma reviravolta ou os curraizinhos de
duas ou três vacas não chegariam para pagar o leite que o vitelinho – nené ia chupar nas primeiras duas semanas de vida.
“Uns comunas é o que eles são !” afogava-se o Miguel , no seu constante alarido
contra o emparcelamento de terrenos que
então se preconizava.“Uns grandessíssimos e alternadíssimos comunas, estes
gajos!”.
Hoje, Miguel M. já não fala
assim. Usa gravata, faz a barba e joga mais rasteiro. Hoje Miguel M. é um
fanático pela CEE, já vai ao futebol chamar filho-de-puta ao árbitro e entende, muito diplomaticamente, que o
tal “emparcelamento de terrenos” há anos
recomendado, é um maná que vem dos céus, é a chuva que vem saciar a terra
árida, é o sol que vem dourar os trigais.
Lírico, anarquista, maluco e
azarento, este Miguel. Os agricultores que nunca vão às pescas, paradoxalmente
querem ensinar-lhe com quantos paus se faz uma canoa. Logo agora…