domingo, 30 de julho de 2017
Alvo Périplo: Gente que Corre!
As fotografias de Jorge Kol continuam ali no renovado Largo do Colégio. Há uma semana estivemos naquele espaço a celebrar o movimento e a robustez de homens que correm no desempenho das suas funções ao ar livre, alvos corpos com chapéu rua abaixo, gente de vestes e postura semelhantes em ilhas diferentes: Madeira e Terceira. Para a realização das fotografias foram necessárias viagens, não a pé, mas sim de avião bem como várias partidas e regressos, como devem calcular. É preciso, portanto, tempo para fruir aquelas imagens que indiciam humanas e curiosas deslocações. Sempre com a ideia de fixar esses corpos e cordas que correm.
Nessa performance, ao fim da tarde, quisemos também misturar textos
e flores e, pelo meio, transportamos gente da rua até ao local expositivo num carrinho inventado para esse momento, soltando ainda manifestos da corrida e da vida que julgamos continua a existir.
Cumprimos, assim, a nossa participação na sétima edição do Walk and Talk, o festival de artes dos Açores que terminou ontem.
Cumprimos, assim, a nossa participação na sétima edição do Walk and Talk, o festival de artes dos Açores que terminou ontem.
sábado, 29 de julho de 2017
sexta-feira, 28 de julho de 2017
Sobre a exibição de Cinema em São Miguel...
Mesmo e apesar disto, os cinemas
têm sido repescados como importantes elementos de revitalização dos centros
históricos, não em formato multiplex, mas apontando a públicos mais
especializados, exibindo aquilo que não tem lugar numa espaço mais massificado.
A recuperação
do cinema Batalha, na cidade do Porto, com um projecto de arquitectura do
mestre Alexandre Alves Costa, é um bom exemplo daquilo que devemos seguir,
envolvendo, para o efeito, a comunidade local.
Apesar de
Ponta Delgada ter recuperado a exibição comercial de cinema, o facto é que a
programação existente não contempla uma série de opções, bloqueando o público
cinéfilo acesso a uma maior diversidade.
Caberá ao
exibidor privado garantir esse desígnio? Provavelmente não, na medida em que a
sustentabilidade da sua actividade dependerá de um outro conjunto de acções.
Simultaneamente, esta mesma opção afastará, paradoxalmente, um público
potencial,
A cultura requer conhecimento,
investimento e a criação de boas práticas. Sem um sólido desenvolvimento
sócio-cultural, não será um plano (nem o Turismo) que o garantirá.”
Alexandre Pascoal, in Açoriano Oriental, 24 de Julho de 2017.
domingo, 23 de julho de 2017
sábado, 22 de julho de 2017
quinta-feira, 20 de julho de 2017
Rua do Quelhas 35.3º (Valsinha)
Morre-se devagar neste país
onde é depressa a mágoa e a saudade
ó meu amor de longe quem me diz
como é a tua sombra na cidade
Morre-se devagar em frente ao Tejo
repetindo o teu nome lentamente
cintura com cintura beijo a beijo
e gritá-lo abraçado a toda a gente
Morre-se devagar e de morrer
fica a cinza de um corpo no olhar
ó meu amor a noite se vier
é seara de nós ao pé do mar
Letra: António Lobo Antunes
Voz: Vitorino
Música: João Paulo Esteves da Silva
onde é depressa a mágoa e a saudade
ó meu amor de longe quem me diz
como é a tua sombra na cidade
Morre-se devagar em frente ao Tejo
repetindo o teu nome lentamente
cintura com cintura beijo a beijo
e gritá-lo abraçado a toda a gente
Morre-se devagar e de morrer
fica a cinza de um corpo no olhar
ó meu amor a noite se vier
é seara de nós ao pé do mar
Letra: António Lobo Antunes
Voz: Vitorino
Música: João Paulo Esteves da Silva
domingo, 16 de julho de 2017
sábado, 15 de julho de 2017
sexta-feira, 14 de julho de 2017
A Melancolia Congénita
Fotografia de Carlos Olyveira |
"As
janelas dos primeiros andares, logo acima das lojas e dos armazéns, são em
geral guarnecidas com pequenas varandas de madeira entrelaçada, como nas
janelas das nossas leitarias, pintadas de vermelho escuro, verde ou branco. Nas
casas maiores vêem-se elegantes varandas de ferro. Pelas goteiras dos telhados
escorre água em abundância e a telha da esquina toma frequentemente a forma de
um pássaro de asas abertas, ou alonga-se para cima em comprida ponta. Os
edifícios são caiados de branco e as ombreiras das portas, cantarias das
janelas e cornijas ficam em geral da cor da pedra, cinzento-escuro ou negra. Os
sapateiros trabalham sentados à entrada das portas, os alfaiates estão
acocorados, o ferreiro com o ferro na rua, em frente da porta, cobre carvões em
brasa. Os que eu vi sentados em bancos no interior das lojas, pareciam haver
sacudido aquela melancolia congénita que lhes atribui, entregando-se a ruidosa
alegria."
in Um Inverno nos Açores e Um Verão no Vale das Furnas, de Joseph e Henry Bullar, escrito em
1838-39, numa edição do Instituto Cultural de Ponta Delgada, Ilha de São
Miguel, Açores, 1986.
quinta-feira, 13 de julho de 2017
A Mulher de Muitas Caras
Do sítio: www.garboForever.com |
"Um velho preconceito condiciona, muitas
vezes, o olhar dos espectadores de cinema sobre os filmes mais “antigos”. Por
acção de uma cultura televisiva que tende a produzir ironia sobre qualquer
manifestação artística a que não seja possível colar o rótulo de “actualidade”,
tudo o que no remeta para épocas mais ou menos distantes é encarado como
pitoresco, anedótico e, no limite, irrelevante.
O trabalho dos atores, por exemplo. De
facto, não é verdade que o cinema mudo tenha sido habitado apenas por actores
peritos em esgares mais ou menos histriónicos. Em primeiro lugar, a evolução da
comédia até à eclosão do som, em finais da década de 1920, está longe de ser
coisa banal ou desprezível; depois, os atores transfigurando desde os primeiros
filmes que “reproduziram” a cena teatral até aos que, a pouco e pouco, souberam
diversificar as escalas das imagens e enriquecer específico da montagem.
Nesse contexto, Greta Garbo (1905-1990)
é um prodígio de versatilidade, subtileza e intensidade dramática. E não apenas
porque passou, incólume, do mudo para o sonoro. Também porque toda a sua
evolução revela um labor alicerçado na certeza d que a câmara de filmar, longe
de ser um mero objecto de registo, é uma “coisa” que refaz as coordenadas do
espaço e tempo, obrigando o actor/actriz a uma sofisticada arte corporal."
João
Lopes, in “Açoriano Oriental” 13 de Julho de 2017
quarta-feira, 12 de julho de 2017
A Terra dos Homens
“A
terra ensina-nos muito mais sobre nós do que todos os livros. Porque nos
resiste. O homem descobre-se quando se mede com o obstáculo. No entanto, para o
atingir, necessita de uma ferramenta. Precisa de uma plaina ou de uma charrua.
Na sua lavra, o camponês vai, pouco a pouco, arrancando alguns segredos à
natureza, extraindo uma verdade que é universal.”
in Terra dos Homens, Antoine Saint-Exupéry, edição Relógio d`Água (pág 11)
terça-feira, 11 de julho de 2017
Se eu Vivesse Tu Morrias no Teatro Micaelense
ao
mesmo tempo
que
fazemos
gostávamos
que vocês
em
vez de nos lerem
ao
mesmo tempo que fazemos
nos
lessem
antes
de fazermos
nós
damos um tempo
para
vocês lerem
e
depois fazemos
e
assim, por um lado, podem ler sem renunciar
a
verem-nos fazer o que leram
e
por outro lado
e
isto é o mais importante
vocês
sabem o que vamos fazer
É
certo que podem preferir não saber
o
que vamos fazer
e
isso é perfeitamente compreensível
lerem
previamente o que vamos fazer é como
se
deixassem de estar aqui pela primeira vez
é
perfeitamente compreensível que vocês
queiram
ter a ilusão de que estão aqui pela primeira vez
sem
saber o que vem
e
ao que vêm.
mas
para nós é importante
que
saibam o que vamos fazer
é
que se eu vivesse
(faz
gesto com as mãos abrangendo todos)
tu
morrias.
de Miguel Castro Caldas, sábado, dia 15 de Julho, 21h30, palco do Teatro Micaelense (Espectáculo integrado na 7ª Edição do Walk and Talk.
Quando Foi que nos Sentimos Felizes?
“O que se transmitia
assim, de geração em geração, com o lento progresso de um crescimento de
árvore, era a vida mas era também a consciência. Que misteriosa ascensão!
Surgidos de uma lava em fusão, de uma massa estelar, de uma célula viva
miraculosamente germinada, vamos, pouco a pouco elevando-nos ao ponto de
escrevermos cantatas e de calcularmos vias lácteas.
A mãe não se limita a transmitir a vida:
tinha ensinado aos filhos uma linguagem, tinha-lhes confiado a bagagem tão
lentamente acumulada no decorrer dos séculos, o património espiritual que ela
mesmo recebera como herança: esse pequeno lote de tradições, de conceitos e de
mitos que constitui toda a diferença que separa Newton ou Shakespeare do bruto
das cavernas.
O que sentimos quando temos fome, aquela
fome que impelia os soldados de Espanha, sob a chuva das balas, para a lição de
Botânica, que impelia Mermoz para o Atlântico Sul, que impelia outro para o seu
poema, é que a génese ainda não está concluída e porque nos falta tomar
consciência de nós mesmo e do universo. Precisamos de lançar pontes na noite. Só
ignora isto quem pensa que a sabedoria se estriba numa indiferença que julga
ser egoísta; contudo, tudo desmente essa sabedoria! Companheiros, meus
companheiros, tomo-vos como testemunha: quando foi que nos sentimos felizes?”
in Terra
dos Homens, Antoine Saint-Exupéry, edição Relógio d`Água, (pág 140)
domingo, 9 de julho de 2017
sábado, 8 de julho de 2017
Alvo Périplo na Edição do Walk and Talk de 2017
Estamos já a preparar a montagem da Exposição e a
impressão das fotografias, pois o Largo do Colégio espera por nós, dia 22, ao
cair da tardinha. Ao mesmo tempo e, como gostaríamos de envolver a comunidade
no processo, preparamos uma Performance Teatral com música própria para o
evento pelo João Luís Macedo.
A exposição contará com vinte fotografias a preto e
branco de Jorge Kol e a performance, muito embora, tenha um núcleo de actores
participantes, membros da peça teatral "Sala de Embarque", está aberta à colaboração daqueles
que quiserem dar o seu contributo.
Este grupo de actores e, demais membros da comunidade,
terão como intuito celebrar a vida na rua. A vida das casas e labores que
provém das antigas profissões. Convocados estão também a maratona grega, os
pastores da Terceira, os Cesteiros da Madeira e uma "roqueira" de São Miguel. Será
que isto serve para exaltar a vida ao ar livre?
A responsável
pelo desenho gráfico é, mais uma vez, a Júlia Garcia.
sexta-feira, 7 de julho de 2017
quinta-feira, 6 de julho de 2017
Escrito no passado Outono
amar é tão difícil falar de amor.
soletramos plantas que não dão flor esta estação
pelo caminho pisamos as folhas que nos deixaram
nuas
as árvores caídas no chão.
soletramos plantas que não dão flor esta estação
pelo caminho pisamos as folhas que nos deixaram
nuas
as árvores caídas no chão.
Tiago Rodrigues
quarta-feira, 5 de julho de 2017
A Génese de "Alvo Périplo Rua Abaixo Movimentado"
Design Júlia Garcia |
Na génese está a solicitação de um texto e uma conversa implícita sobre as fotografias em questão. A descoberta da semelhança entre os Pastores da ilha Terceira e os Carreiros do Monte da ilha da Madeira esteve na origem destas imagens. Estes corpos vestidos de branco encerram no seu trajar, na sua correria, memória de tempos passados, metáfora da vida que corre, que pela corda atam, enrolam e desenrolam, para manobrar ou simplesmente deixar correr e fazer correr.
As fotografias de Jorge Kol apresentam-se assim com o movimento e a genica de homens que correm no desempenho de funções ao ar livre, alvos corpos com chapéu rua abaixo, vestes e postura semelhantes em ilhas diferentes: Madeira e Terceira. Dessa alva exaltação o fotógrafo dá conta, fixa esta gente que trabalha e vive na rua, manifesto de um tempo que continuará a existir.
Assim, a função do texto impunha uma vivência em que a rua fosse cerne e interrogação.
terça-feira, 4 de julho de 2017
segunda-feira, 3 de julho de 2017
Do Estudo de Si Mesmo
"O neoliberalismo fez as pessoas vaidosas, narcisistas e competitivas e fá-las pensar bastante em si mesmas e a maior parte das vezes, pensar em nós mesmos é uma perda de tempo. A única maneira útil de pensar em nós mesmos é em relação a outras pessoas, o modo como somos afectados por elas e as afectamos com o que fazemos. O estudo de si mesmo só faz sentido quando nos faz pensar em nós e nos outros enquanto unidade, em relação. Quando penso nessas imagens no facebook penso que essas pessoas nunca sabem qual é o valor da solidão porque estão sempre a tentar ser validadas. É desesperante."
Hanif Kureiishi in Ípslon, 30 de Junho de 2017.
sábado, 1 de julho de 2017
Da Performance
[Artes] Manifestação artística que pode combinar
várias formas de expressão.
in Dicionário Priberam da
Língua Portuguesa
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