Preparação da Fanzine "FALTA" (Fotografia de Carlos Olyveira) |
domingo, 29 de abril de 2018
segunda-feira, 23 de abril de 2018
terça-feira, 17 de abril de 2018
Da Arte
“Eu
diria que a arte é, em primeiro lugar, não sobre o mundo mas sobre o sujeito
que a produz. A arte é um modo através do qual o sujeito pratica o desenho da
sua própria aparência do mundo. A arte
manifesta não o modo como eu vejo o mundo, mas o modo como quero que o mundo me
veja a mim. Regra geral, a imagem que apresentamos ao mundo não nos agrada
– por isso tentamos mudá-la por meio da filosofia, da política e da arte. E, ao
mudarmos a nossa imagem da sua prática, a arte transforma o mundo no qual
acontece. A arquitectura, por exemplo: independentemente de gostarmos dela ou
não, temos de viver dentro dela. A arquitectura define o nosso modo – isso pode
ser dito de todas as formas de design. Mas também somos formados pelos filmes
que vemos, os livros que lemos, etc. Nada disso é feito pela natureza – nem por
nós, enquanto leitores ou espectadores. E a nossa relação com toda esta arte
não é uma relação externa, estética. Não temos a liberdade da distância
estética e do juízo estético. Vivemos dentro da arte e somos formados por ela.
Por isso é uma pergunta legítima: como é que este processo formativo acontece?
E é precisamente uma questão da poética, não da estética.”
Boris Groys numa entrevista a António
Guerreiro, revista Electra, Março de 2018
domingo, 15 de abril de 2018
quinta-feira, 12 de abril de 2018
quarta-feira, 11 de abril de 2018
Palavra de Honra
"A palavra de
honra está moribunda, quase extinta, decadente. De facto, a honra morreu. É
preciso fazer-lhe uma cerimónia fúnebre, e convictamente enterrá-la de vez. Sugiro
uma cerimónia com pompa e circunstância, com flutes de espumante francês e canapés, e com uma consternação
moderada, suavizada por actuações de palhaços contratados e cuspidores de fogo.
Provavelmente não poderei estar presente devido a compromissos publicitários,
portanto peço-vos que fiquem atentos: o que é para enterrar é só a honra! Não
vá o coveiro distrair-se e enterrar também a palavra ainda viva. Seria um
incidente embaraçoso, que nos deixaria literalmente sem palavras."
Fausto
Colo de Teresa Vilaverde no Teatro Micaelense
Como é que
chegamos aqui? Poderia ter sido a pergunta feita milhares de vezes quando se atingiu o auge da crise portuguesa em 2012. E porque parecia uma nação
antiga tão desorientada? E os seus cidadãos completamente perdidos e ausentes
de laços de solidariedade?
Teresa Villaverde filmou, por isso, a sua cidade: Lisboa. Imaginou, há três anos atrás, o que seria na capital do país a desagregação de uma família onde a mãe está ocupada com dois trabalhos, o pai perde o emprego e a filha adolescente ensimesmada com as respectivas crises de crescimento. É tudo filmado de forma branda, anunciando de forma subtil o afastamento entre as pessoas e o esfriamento dos laços. Vai fundo na derrisão a que cada um está sujeito perante o medo da fragilidade e aquilo que a exposição da perda faz a cada um de nós. A tensão cresce, no entanto, neste país nunca chega a estourar, rebentar de revolta ou a descambar completamente. Uma fotografia belíssima de Acácio de Almeida, uma interpretação convicta de Alice Albergaria Borges e ainda planos fixos que são pinturas lindas de assistir, valem bem a pena presenciar este filme que asseguram, sobretudo, as vozes do dono, vir em contraciclo. Será verdade?
Teresa Villaverde filmou, por isso, a sua cidade: Lisboa. Imaginou, há três anos atrás, o que seria na capital do país a desagregação de uma família onde a mãe está ocupada com dois trabalhos, o pai perde o emprego e a filha adolescente ensimesmada com as respectivas crises de crescimento. É tudo filmado de forma branda, anunciando de forma subtil o afastamento entre as pessoas e o esfriamento dos laços. Vai fundo na derrisão a que cada um está sujeito perante o medo da fragilidade e aquilo que a exposição da perda faz a cada um de nós. A tensão cresce, no entanto, neste país nunca chega a estourar, rebentar de revolta ou a descambar completamente. Uma fotografia belíssima de Acácio de Almeida, uma interpretação convicta de Alice Albergaria Borges e ainda planos fixos que são pinturas lindas de assistir, valem bem a pena presenciar este filme que asseguram, sobretudo, as vozes do dono, vir em contraciclo. Será verdade?
terça-feira, 10 de abril de 2018
“Prefiro não o Fazer” na Galeria Arco 8
A
Galeria Arco 8 é actualmente palco e presença de três artistas visuais: Adriano
Rangel, Ana Alvim e Rui Teixeira. Com um título sugestivo: “Prefiro não o
Fazer”, retirado do livro de Herman Melville,“O Escrivão ou Bartleby, o
Escriturário”, os autores pretendem dar a ver os seus recentes trabalhos
fotográficos. Cada um deles, à sua maneira, espelha o sentimento
e a forte impressão que os lugares lhes causam na forma como se expressam pela via
das imagens, sejam paisagens humanas ou não.
Numa
produção de assinalável cuidado na composição e bom gosto na organização do espaço, patente também no
jornal da exposição, a sala está tripartida com três corredores expositivos,
ainda várias gavetas com fotografias espalhadas pela galeria, que faz com que o
observador daqueles “espelhos” possa circular e deambular pela geografia daquele percurso,
parando ou movimentando-se consoante a sua vontade ou espanto. Certos, por isso, que o universo gráfico de Adriano Rangel, a poesia basáltica de Ana Alvim ou o humor imagético de Rui Teixeira são merecedores de uma visita atenta, demorada e esclarecida.
segunda-feira, 9 de abril de 2018
Interior/Exterior
domingo, 8 de abril de 2018
Ana Vieira: Da Ausência ao Deslocamento do Olhar
Livro da Exposição Interior/Exterior
(Fotografia de Carlos Olyveira)
|
Sobre a escolha das
obras de Ana Vieira
Falar
sobre estes dois objectos artísticos da exposição Interior/exterior é tentar (re) capturar a atenção de uma ausência,
o fluxo do invisível, essa improvável permuta entre a obra do artista e o olhar
atento do expectador. As obras por mim escolhidas são, por isso, uma caixa com
o vazio da garrafa e uma poltrona da artista plástica Ana Vieira. O que dizer
depois do lastro desse primeiro olhar?
A
escolha das obras da Ana Vieira pretendem assim dar conta desse olhar que não
se encontra, que também se perdeu, que se encontra ausente. Como exprimir o
deslumbramento desse olhar? E, claro, depois disso visualizar uma perspectiva,
tornar legível o sentir no deslocamento de um olhar que um expectador sente com
a intersubjectividade do seu corpo. Se possível, com o corpo todo. A obra de
Ana Vieira não é para ver mas sim para espreitar.
A obra de uma caixa com o invólucro/vazio da
garrafa remete para uma ideia de ausência, desse jogo da invisibilidade/visibilidade
a que o objecto está sujeito e da interrogação previsível de quem assiste, isto
é, ao questionamento do espectador. A garrafa não se encontra presente, apenas
a sua forma e por isso se torna possível imaginar que esta possa ter sido
usada, que esta possa ser fruto de uma vivência, a reticulação duma qualquer
marca, pegada, digamos, que ficou por esclarecer ou desvendar. Do mesmo modo
que uma poltrona exposta nos sugere o questionamento e envia para uma
invisibilidade física que faz pensar sobre o usufruto que alguém lhe possa ter
dado ou ter sido usada em casa por alguém ou dar lugar para alguém se sentar.
Quantas pessoas nela se terão sentado? Que memória guarda aquela poltrona?
Como
característica essencial do trabalho plástico de Ana Vieira: a criação de
espaços e de ambientes, a obra aberta. O expectador participa enquanto “espião”
de imagens e lugares, alguém que pressente o eco, esse sussurro do momento em que
algo lhe tocou os sentidos. O que é possível dizer ou acrescentar ao que não
sabemos, ao vazio que as representações nos sugerem? Mais importante do que as
sombras, ficam as tramas, o véu, o vácuo, os materiais que envolvem os objectos,
o que não é mostrável, esse lugar inacessível. Pode ser assim, melhor, existir
um diálogo com a obra de Ana Vieira, num jogo de ocultação/visibilidade,
investindo no questionamento da arte.
Curiosamente,
apraz-me concluir que a obra de Ana Vieira é-me muito apetecível pelo seu lado
da representação, daquilo que é encenado, intuído, evidenciado por esse jogo de
espelhos, tal como as sombras ou transparências... que evoca tantas vezes a arte teatral, que faz-nos ver o seu
trabalho de fora, com uma consciência em off.
Sem dúvida, uma artista com pergaminhos, que soube explorar esse lado subtil da
arte, delicada nos gestos e honesta na sua busca e percurso singular, ainda a
sua concepção de uma arte multidisciplinar, essencialmente na forma como esta
se percepciona e nos coloca perante os seus objectos artísticos.
*Texto
lido no dia 6 de Abril, na exposição Interior/Exterior, no Núcleo de Santa
Bárbara, Museu Carlos Machado.
sexta-feira, 6 de abril de 2018
(...)
eu quero que
fiques neste lugar onde nos deixam
ser árvore, sob a
copa do verão, fica comigo, sem
nunca teres ido embora,
puxa as águas para trás,
enxuga-lhes a
sombra afiada, as palavras que
descuidámos, por
não podarmos a música, fica
comigo, oh, fica
nesta hora imensa, com a alegria
da maré baixa, e
as portas abertas, sem medo da
corrente, no ar
que sempre arrefece, as larguras
do amor, oh fica
connosco, se nunca deixámos de
ser o mesmo sonho,
jurado na fotografia líquida
sem margens para
descair, se foi contra o sol que
se virou, a ver se
media o tempo, que sempre nos
resta para começarmos
a viver.
Daniel
Gonçalves,
inédito com a Rhianna.
O que me vale
O que me vale aos fins de semana
é o teu amor provinciano e bom
para ele compro bombons
para ele compro bananas
para o teu amor teu amon
tu tankamon meu amor
para o teu amor tu te inflamas
oh o teu amor não tem com
plicações viva aragon
morram as repartições
Manuel António Pina
é o teu amor provinciano e bom
para ele compro bombons
para ele compro bananas
para o teu amor teu amon
tu tankamon meu amor
para o teu amor tu te inflamas
oh o teu amor não tem com
plicações viva aragon
morram as repartições
Manuel António Pina
Honestidade
Frequentemente,
a única coisa que a preocupava
era tentar não esconder a ignorância.
Preferia assumi-la, olhos nos olhos,
como quem levanta a saia para mostrar
que, por debaixo, e à parte das cuecas, é
igual às outras. Exactamente.
Mais pelo menos pelo, mais dobra menos dobra,
mais uso ou menos uso.
Madalena Castro Campos in "O Fardo do Homem Branco", Companhia das Ilhas, 2013.
a única coisa que a preocupava
era tentar não esconder a ignorância.
Preferia assumi-la, olhos nos olhos,
como quem levanta a saia para mostrar
que, por debaixo, e à parte das cuecas, é
igual às outras. Exactamente.
Mais pelo menos pelo, mais dobra menos dobra,
mais uso ou menos uso.
Madalena Castro Campos in "O Fardo do Homem Branco", Companhia das Ilhas, 2013.
quinta-feira, 5 de abril de 2018
Tascà (ode à PSP - Palco dos Sonhos da Poesia)
No receituário extenso das
madeiras
A contínua respiração exclusiva
Sobejam líquidos vertidos das
arcadas
Em noctívago jorro que vela das
canseiras
Escutam obsoletas vozes
desavindas
Versos e rimas de bardos
compulsivos
Secos frutos devoram apreensivos
Notando-se à distância o odor dos
livros
Cigarros misturados de incertezas
À laia de brotar inspirações
Canceladas vagas de tristezas
Destilam por ali no temor das
emoções
Despedem-se como velhos amigos
No cúmulo dos altares reluzentes
Abarcam contos e demais
narrativas
Lembram-se das horas e dos poemas
lidos.
quarta-feira, 4 de abril de 2018
Breve Léxico do Nosso Tempo
“E uma nova civilização começou a erguer-se a uma velocidade inaudita
diante de nós e penetrou bem dentro de nós. Com as redes, todas as regras do
jogo político, sócio-económico e cultural foram profundamente afectadas ou
mesmo desintegradas. Uma rede sem centros e sem diferenciação do espaço e do
tempo constituiu um corte radical com todas as categorias da experiência
anterior à reticulação do mundo. Mesmo aquelas que designamos como “redes
sociais” nada têm a ver com aquilo com o que caracterizou até agora o social e,
definidas por antigos critérios, poderíamos dizer anti-sociais. O imenso caudal
de reflexões teóricas e análise de dados que têm como objecto a internet mostra
que esta suscita visões contraditórias: por um lado, ela é portadora de um
imaginário de emancipação e acesso livre generalizado ao saber e à informação;
por outro, traz consigo o lado mais negro da barbárie tecnológica. Não basta
dizer, utilizando a linguagem de Marcel Mauss, que a rede significou um facto antropológico
total. É algo mais do que isso: a nossa condição de indivíduos constantemente
conectados, determinou a viragem para uma antropologia do artificial e para uma
condição pós-humana. Estar ligado à rede, em permanência, significa também ser
continuamente interrompido e entrar no regime da comunicação desconexa e
fragmentada. A economia e a ecologia da atenção tornaram-se, assim, questões
maiores do nosso tempo. Mas as mais visíveis transformações operadas pela rede
são as do próprio sistema capitalista: nas modificações das formas de trabalho,
nas metamorfoses do poder (não apenas o
poder político, mas todo aquele que é hoje inerente a uma sociedade de controle)
e, muito especialmente, num aumento colossal de mercadorias cada vez mais
imateriais.”
António
Guerreiro e João Oliveira Duarte
in “Breve Léxico do nosso Tempo” – revista “Electra”, Março de 2018.
Pelas Sombras de Catarina Mourão na Galeria Arco 8
Este
filme foi realizado há oito anos pela Catarina Mourão e, à altura, ganhou o
prémio do público no Indie Lisboa. São oitenta e três minutos a ver o mundo de
Lourdes Castro, artista plástica oriunda da Madeira que viveu em Paris e em
Berlim. A música do documentário é de Chopin e de Schubert. A realizadora, aquando da apresentação deste trabalho, referiu:"Um dia escrevi uma carta à Lourdes Castro porque
gostava do trabalho dela e tinha uma enorme curiosidade pelo trabalho dela
hoje". O filme é exibido às 21h30, na Galeria Arco 8, numa parceria entre o Museu Carlos Machado, 9500-Cineclube e o Arco 8. A sessão é gratuita ao público e conta com a presença da realizadora.
Galgar de Medeiros/Lucas
Rombos
nas portas
Letra: João Pedro Porto
Frinchas
nos tectos
A
brecha pela parede
Feito
roto de acinte
Galga
tudo de freio nos dentes,
Interessa
pouco o que se ganhe
tampouco
o que se enfrente
Bombos
às portas
Ferros
sem notas
Toada
sem o revede
Feito
pronto de ouvinte
Galga
tudo aquilo que sente
Interessa
pouco o que s´apanhe
Tampouco
o que se tente
Nenhum
pedinte de nada
Só
desapego e galgada
Sente-se
a leiva na veia
Sangue
posto no peito
Tombos
às sotas
Trotes
querendo
Galope
pela calada
Feito
fogo urgente
Galga
tudo aquilo que entende
Interessa
pouco onde se chegue
Tampouco
o que se pene
Rombo
na porta
Um
bombo sem nota
A
brecha, o ferro e os trotes
Feito
raio de acinte
Galga
tudo de rédea ardente
Interessa
pouco ou quase nada
Todo
o que não se enfrente
Nenhum
pedinte de nada
Só
desapego e galgada
Sente-se
a leiva na veia
Sangue
posto no peito
Letra: João Pedro Porto
terça-feira, 3 de abril de 2018
A Arquitectura Urbana em Ponta Delgada – Finais do Século XIX começos do Século XX de António Eduardo Soares de Sousa
Fotografia de Carlos Olyveira |
“No seu amplo interior, o Coliseu
Micaelense teve a colaboração de dois grandes artistas micaelenses: o escultor
Canto da Maia, no friso escultórico por cima do boca-de-cena, e Domingos
Rebelo, que pintou o pano-de-boca. Mas, podemos ainda referir outros edifícios
que foram construindo, como o destacado edifício dos Armazéns Cogumbreiro,
mandado edificar em 1913 pelo Sr. José de Medeiros Cogumbreiro para o comércio
de vários tipos, coisa absolutamente inovadora na cidade e à imagem dos
armazéns da Metrópole.
Serão
de mencionar alguns dos edifícios que emolduram a praça do centro da cidade: o
edifício do Banco de Portugal, o edifício que alberga a firma Azevedo e
Companhia, o edifício do antigo Banco Micaelense e, na Rua dos Mercadores, um
bem proporcionado edifício que o sr. Luís Maria Aguiar mandou construir, bem
como outros edifícios dignos de menção em várias zonas do centro histórico da
cidade. Destacaremos ainda o edifício da Sociedade Corretora, rua Hintze
Ribeiro, que exibe uma fachada austera e de largas fenestrações, onde creio notarem-se
influências da arquitectura industrial dos países do norte da Europa, para onde
se exportavam os ananases que a firma comercializava.
Todos estes edifícios evidenciam
uma arquitectura híbrida, com influências da arquitectura urbana do Continente
português, em feição simplificada, todavia, com uma decoração curiosa e
amaneirada, que transporta um gosto peculiar, nomeadamente nas molduras e
ornamentos das fachadas.
As fachadas possuem amplas
janelas e portadas com molduras em relevo, executadas quase sempre com reboco
de cimento e barro, excluindo a tradicional pedra de basalto, tomando uma
acentuada dimensão vertical, permitindo maior iluminação e ventilação para os
aposentos.
Um outro aspeto muito curioso no
detalhe construtivo das fachadas de alguns edifícios dessa época é o
aparecimento de varandas concebidas em ferro forjado, que, ao que se sabe,
foram produzidas na fundição da Calheta, um edifício fabril que ainda hoje e já
abandonado ostenta uma grande chaminé da caldeira em forma de pirâmide
octogonal, uma silhueta imponente ladeada por uma alta chaminé de pedra.
A estrutura e as guardas das
varandas que ornamentam muitas das edificações habitacionais em Ponta Delgada
apresentam desenhos trabalhados ao sabor do gosto da época, de elaborada
composição decorativa.
Estas varandas, tão peculiares, existem
mesmo em edifícios habitacionais modestos, mas também em outros de grande
porte, como é o caso do edifício dos Marqueses da Praia, na Rua Marquês da Praia
e Monfort.”
António Eduardo Soares de Sousa, in A Arquitectura Urbana em
Ponta Delgada – Finais do Século XIX começos do Século XX, organização e
revisão José Ferreira de Almeida.
segunda-feira, 2 de abril de 2018
UM FIM
(Imitado de Christina Rossetti)
Morreu
o amor forte como a morte
Anda,
vamos enterrá-lo
Enterrei-o
sozinho, estava vivo como a morte
Debaixo
da pedra
Debaixo
das flores
Vem,
senta-te longe dos amores
Ardeu
a serra durante o verão
Voltámos
cobertos de cinza
Apaguei-te
sozinho, estavas linda como o Verão
Debaixo
das folhas
Debaixo
das flores
Bem
sentada longe dos amores
Cantámos
tudo só com dois acordes
Sempre
o mesmo tom menor
E
uma praia sozinha, de areia batida pelas cordas
Debaixo
das ondas
Debaixo
das flores
Sinto-me
bem longe dos amores
João
Paulo Esteves da Silva
in “Vertem-se Bíblias em Quimbundo”,
edições Mia Soave, 2017.
domingo, 1 de abril de 2018
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