quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
A Melancolia e o Ano Novo
sábado, 27 de dezembro de 2014
sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
«Trinta e quatro sonetos e trezentas e cinco redondilhas» de João Paulo Esteves da Silva
“ (...) Chovem optimismos
E deixa-me o azul, o azul profundo...
E de novo, Lisboa, te remancho,
numa deriva de quem tudo olha
de viés: esvaído, o boi no gancho,
ou o outro vermelho que te molha.
Sangue na serradura ou na calçada,
que mais faz se é de homem ou de boi?
O sangue é sempre uma papoila errada,
cerceado do coração que foi.
Groselha, na esplanada, bebe a velha,
e um cartaz, da parede, nos convida
a dar o sangue. Franzo a sobrancelha:
dizem que o sangue é vida; mas que vida?
Que fazemos, Lisboa, os dois, aqui,
na terra onde nasceste e eu nasci?
sábado, 13 de dezembro de 2014
95 FA...
Nota:Ler aqui a versão digital do jornal: http://fazendofazendo.blogspot.pt/
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
Curtas no Teatro Faialense
Cartaz do Amostram´isse |
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
Poema
fosses depois das lágrimas uma ilha,
e eu chegasse para dizer-te adeus
de repente na curva duma estrada
e eu partisse a fumar
e o fumo fosse para se ler
e eu rasgasse o teu retrato
para vê-Io passar na direcção dos rios
e eu morresse
para ouvir-te sonhar
António José Forte in Uma Faca nos Dentes
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
terça-feira, 25 de novembro de 2014
Convocação da Tristeza
junto de uma estante fria na noite
assomarei muito fumo, alguns versos e
o funny valentine
sem qualquer trincheira afastarei
o temor com a palma da mão
cuidarei das unhas dos pés da lembrança em brasa,
célula e choro,
pétala caída no esplendor do verão,
desolação em mim.
domingo, 23 de novembro de 2014
Da Sinceridade
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
Do Leitor
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
70 anos de Mau Tempo no Canal
Num texto ainda por ler e intitulado "O Homem Açoriano e a Açorianidade", o professor António Machado Pires terá escrito: “A ilha em que nascemos é um eixo do Cosmos, uma pequena-pátria, um mundo de referências matriciais [...], um ponto de regresso ideal, uma Ítaca em que cada um é o Ulisses da sua própria e secreta mitologia”. Este ilustre pensador profere, amanhã, dia 21 de Novembro, pelas 19h30, na Biblioteca Pública João José da Graça, na cidade da Horta, uma conferência sobre os 70 anos da obra “Mau Tempo no Canal”, de Vitorino Nemésio. Será uma honra, uma distinta e enormíssima honra, ouvir tal personalidade eloquente e fascinante falar sobre tão afamada "obra nemesiana".
Um Poema de Renata Correia Botelho
os livros ao sepulcro
das estantes, ao amor
janelas para cheirar a noite.
já nada nos lembra
que o poema só se forma
no fio da navalha.
Renata Correia Botelho, in Um Circo no Nevoeiro, 2009.
terça-feira, 18 de novembro de 2014
Da Poesia
domingo, 16 de novembro de 2014
Eu gosto da tua cara contra o fundo
circunstancial, ocupas o espaço por onde a rua
se intromete, as tuas pernas magras no passeio
como as de um fantoche que só mexe os braços.
Ao canto uma árvore fazia sombra pequena
na desconversa. Estavas mais ou menos
a dizer: nenhum futuro neste sofrimento.
O teu melhor ângulo.
Rui Pires Cabral
sábado, 15 de novembro de 2014
terça-feira, 11 de novembro de 2014
A Magnólia
nos passos seguros de quem não tem
temor aos versos. acabara ali
o verão selvagem dos teus olhos,
aquele lugar fundo de água
e de flores onde um cão zeloso
guarda ainda uma biblioteca
e o segredo maior da tempestade.
sem dizer uma palavra,
fui fechando atrás de mim
as alamedas de Manderley,
e saí para comprar uma magnólia.
Renata Correia Botelho, in revista “Telhados de Vidro”, Edições Averno, 2009.
domingo, 9 de novembro de 2014
A Propósito de Estrelas
por ele se interessar por estrelas
se me interessei por estrelas por me interessar
pelo rapaz hoje quando penso no rapaz
penso em estrelas e quando penso em estrelas
penso no rapaz como me parece
que me vou ocupar com as estrelas
até ao fim dos meus dias parece-me que
não vou deixar de me interessar pelo rapaz
até ao fim dos meus dias
nunca saberei se me interesso por estrelas
se me interesso por um rapaz que se interessa
por estrelas já não me lembro
se vi primeiro as estrelas
se vi primeiro o rapaz
se quando vi o rapaz vi as estrelas
Adília Lopes, in Quem Quer Casar Com a Poetisa?, Quasi Edições, 2001
sábado, 8 de novembro de 2014
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
Ontem, escrito numa parede da cidade
-Alguns livros de poemas e 20kg de bagagem.
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
Nasceu no dia de hoje há 95 anos
segunda-feira, 3 de novembro de 2014
A Volta do FAZENDO
O FAZENDO está de volta e com esta nova volta vai ter
que chegar aos cem. Número redondo. Lá chegaremos, sem pressas. Com muita gente
a desenhar, outras tantas a escrever, a imaginar e a fotografar. Um barco cheio
de gente no mar. E há quem vá lê-lo com o nome de Fazendinho, leitura para pequeninos
agentes das artes futuras. O FAZENDO agradece, coração grande. O FAZENDO talvez
necessite de sementes, de deixar lastro quando os graúdos se cansarem, se é que
um dia isso irá acontecer. Novembro é, portanto, o mês da sua chegada. Ou
partida, talvez para muito longe. O Tom Waits, sim, esse que disse que o piano
tinha bebido, cantou um mês de Novembro sem sombra, estrelas e lua, mas cá
estaremos nós para alumiar esta possível escuridão, este negrume e líquida invernia por vir. Fazendo
assim os possíveis e os impossíveis para chegar luminoso a cada vez mais gente.
Conseguiremos? Até já.
domingo, 2 de novembro de 2014
tu que viste...
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
O espanto é não querer avançar.
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
No meu país
dardejado de sol e da caca dos gaios
só há estâncias
(de veraneio) na poesia.
Nossos lábios
a um metro e sessenta e tal
do chão amarelecido
dos símbolos
abrem para fora
por dois gomos de frio.
Nossos lábios outonais, digo,
outonais doze meses.
No entanto
à flor da possível
geografia
um frémito cinde
as estações do ano.
terça-feira, 28 de outubro de 2014
domingo, 26 de outubro de 2014
Queria que me acompanhasses
vida fora
como uma vela
que me descobrisse o mundo
mas situo-me no lado incerto
onde bate o vento
e só te posso ensinar
nomes de árvores
cujo fruto se colhe numa próxima estação
por onde os comboios estendem
silvos aflitos.
Ana Paula Inácio, in Vago Pressentimento Azul por Cima, Ilhas, 2000.
Ontem escrito numa parede da cidade.
sábado, 25 de outubro de 2014
Lucas e Medeiros esta noite no Music Box
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
Música d´Outono
terça-feira, 21 de outubro de 2014
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
terça-feira, 7 de outubro de 2014
A Imperfeição da Filosofia
Poema
onde posso desfazer-me do desejo.
Ir ao encontro das estátuas
para me refazer do medo.
A noite é pequena e cabe
num gesto atirado ao ar
quando se parte sem olhar para trás,
nem necessidade de confirmar amor algum.
Não estou morta nem vou morrer.
a habitual dificuldade em existir cedo.
domingo, 5 de outubro de 2014
Mar de Outubro
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
Esta Manhã
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
terça-feira, 30 de setembro de 2014
Miss Julie de Liv Ullmann
Desenho de Liv Ullmann (Daniel Seabra Lopes) |
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
Da tristeza
18
domingo, 28 de setembro de 2014
Requiem
Vem aí...o Domingo!
La domenica mi lasci sempre sola
Per andare a vedere la partita
Di pallone
Perchè perchè
Una volta non ci porti anche me."
Rita Pavone
Amanhecemos funâmbulos na despedida
desse liame de aventura acometido.
Poema
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
Mário Cesariny, in "Pena Capital"
sábado, 27 de setembro de 2014
Memória
quarta-feira, 24 de setembro de 2014
Discos d´Outono
terça-feira, 23 de setembro de 2014
Os Garajaus vão para Acra
alegam a consistência das nuvens
reforçam o princípio imutável das estações
esperam reunir-se no calor dos veleiros
à nova rota investem brancura no voo
desaparecendo na claridade da canícula
confiscando ao desfolhado Outono
o seu fim, precocemente, anunciado.
17
insulares. Tábua a tábua, porões,
convés, mastreações, velames,
vento nas enxárcias...
Construamo-los nós mesmos: velas brancas,
lemes, mastros, cascos que se afundem
nos horizontes repetidos.
Vertiginosamente aquáticas estas mãos
que adormeceram tempo de mais
no emaranhado dos sargaços
saberão, certamente, como redimir-se.
Desçamos às profundidades oceânicas
galvanizados por essa voz extrema
que nos toca tão de perto
e sintamos em cada tábua que um carpinteiro
alcança a outro carpinteiro – antevisões
de serras, puas, prumos,
viagens puras – cartografia perfeita
inscrita no dorso azul e fusiforme
dos cardumes.
Inéditas seriam estas paisagens submersas
se o coração as não soubesse.
Construamos barcos, ilhas / barcos
derivando.