A
edição anual da revista Atlântida já está disponível e pode ser adquirida na
sede do IAC (Instituto Açoriano de Cultura), sito no Alto das Covas, Angra do
Heroísmo. A autoria dos desenhos no
interior, capa e separadores, é do arquitecto/ilustrador Luís Brum.
A abrir a contenda está o artigo: “Qual o papel da cultura no nosso
Portugal contemporâneo?”, onde se incita à reflexão que urge fazer sobre o
“desinvestimento generalizado” nestas coisas culturais e que terá consequências
na “desconstrução de todo um sistema complexo e identitário que caracteriza a
nossa sociedade e nos une como um povo com oito séculos de história”. Interessante
é, sem dúvida, a conversa que decorre entre Vanessa Rato e o artista Pedro
Cabrita Reis bem como o “Retrato de Natália", segundo Ana Maria Pacheco do
Nascimento. Uma atenção mais do que merecida e especial para “A
Tourada do Mar: A Baleação Açoriana observada por Mário Ruspoli e Chris Marker”, num texto muito bem escrito e demorado, exemplarmente escrito por Francisco Maia Henriques.
Parabéns à direcção do IAC, Paulo Raimundo e Filipa Tavares, pelo trabalho de
recolha e organização editorial.
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
Vitorino Nemésio: 36 anos depois!
Tenho uma Saudade Tão Braba
Tenho uma
saudade tão braba
Da ilha onde
já não moro,
Que em velho
só bebo a baba
Do pouco
pranto que choro.
Os meus
parentes, com dó,
Bem que me
querem levar,
Mas talvez
que nem meu pó
Mereça a
Deus lá ficar.
Enfim, só
Nosso Senhor
Há-de
decidir se posso
Morrer lá
com esta dor,
A meio de um
Padre Nosso.
Quando se
diz «Seja feita»
Eu sentirei
na garganta
A mão da
Morte, direita
A este
peito, que ainda canta.
Vitorino Nemésio,
in "Caderno de Caligraphia e outros Poemas a Marga".
sábado, 22 de fevereiro de 2014
A NAIFA em São Miguel
A NAIFA dá hoje um concerto único
no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada. O arquipélago tem nove ilhas. E nas outras
digressões houve concerto no Teatro Faialense, Ilha do Faial. Sempre com sala
cheia, muita entrega e um envolvimento raro e contagioso. Triste país em que
todos os dias tudo começa e em que nada, mesmo nada, se inscreve no corpo
colectivo e já não consegue recordar a estes servidores da causa pública que
antes deles outras pessoas fizeram coisas, sonharam com um país diferente e,
mal ou bem, realizaram coisas que podem ou deviam ter continuidade. A verdade é
que eles passam e os poetas e os músicos ficam, perdurarão no tempo. Valha-nos isso e...os auscultadores!
Deusa Art Deco
Conheci uma deusa Art Deco
foi-me apresentada por um poeta no Caziff,
um café onde vou.
No outro dia fomos lá tomar uma bebida,
estava cheio de belas raparigas e rapazes, a conversar.
Ela lá estava, com pose atrevida, lânguida,
a insinuar o engano.
Comentamos a graça da sua elegância singular,
a razão de estar só, o olhar persuasivo...
A rapariga do balcão elucidou:
Foi pintada por um novaiorquino
de lusa fala sibilante
e a estética não é sua coetânea.
João Malaquias
terça-feira, 18 de fevereiro de 2014
Uma Missiva Citadina de Janeiro Alves!
Espero que esta carta o encontre favorecido nas suas faculdades mentais e na boa forma física, já que ambas são o antídoto para este marasmo social a que nos submeteram. E desejo que a força construtiva e criadora do século XXI encontre em si um fiel entusiasta, para gáudio dos que o rodeiam, e para preservação do nosso património futurista.
Agradeço
ao meu caro amigo por ter levantado o véu sobre o plano de Vivaldo. Parece-me
bem arquitectado, mas ambicioso quanto à sua execução, tendo em conta as forças
de bloqueio. Ainda ontem fiquei bloqueado num elevador, e sei que não foi um
infortúnio casual. Temos de estar atentos, Dr. Mara... Quanto à sua amiga que
partiu, a mais bela das manas Manaias, estou certo que a distância que vos
separa criará uma aceleração de partículas à volta dos assuntos do coração, mas
lembre-se que o fogo de artifício só brilha no escuro. Sugiro-lhe que
experimente cuspir as borboletas que tem no estômago, é benéfico encontrarem o
seu caminho ao invés de morrerem nos ácidos estomacais. Mas quem sou eu para
falar de amores e desamores... prefiro falar de conservas e enlatados.
Depois
das intermináveis viagens de comboio pelos grandes maciços europeus, caí de
paraquedas na grande cidade, junto ao burburinho ininterrupto das coisas da
vida quando estão todas juntas. A polícia apreendeu-me o paraquedas, mas
libertou-me sem caução. Habito, como sempre, ao pé de uma estação de comboios,
medida de precaução. Gostaria de lhe deixar algumas impressões sobre esta
mudança, mas agora não posso. Tenho de ir fazer o jantar. Gosto de jantar a
horas quando estou sozinho. Voltarei a este assunto mais tarde.
Caro
Dr. Mara, aqui estou eu de volta e mais aconchegado pelo bacalhau espiritual e
alguns decilitros de vinho do bom. Compra-se sempre vinho de qualidade perto
das estações de comboios. Depois de alguns anos em isolamento nas montanhas, e
depois de lidos muitos livros à luz da vela, experimento agora os antípodas,
vivo as histórias da cidade, o frenesi e a novela quotidiana de cá andarmos uns
com os outros. Larguei o comboio para andar a pé, e pelas ruelas da cidade
sinto os cheiros a comida acabada de fazer por entre a roupa pendurada, a mãe
que chama o filho, o homem do talho que alerta o freguês, o taxista aos gritos
pela janela fora, da sua viatura em transgressão. Ninguém responde a ninguém, é
som de fundo nas ruas como músicas de natal. Agrada-me observar as pessoas, e
perceber o que é que afinal andam a fazer. O Dr. Mara não imagina a quantidade
de gente que anda de trás para a frente e de frente para trás, e também de um
lado para o outro. Fazem tudo a correr para depois irem para as suas casas. À
noite, a luz firme das casas faz-me acreditar que o direito a ter um tecto
deveria estar consagrado em todas as escrituras, mas sobretudo na preposição da
vida. O Dr. Mara não imagina a angústia que é para mim ver alguém a dormir na
rua, e a fazer de uma velha arcada o seu abrigo. É que o abrigo não serve só
para abrigar o corpo, mas também a alma.
A
luz da cidade é favorável ao romantismo, não pela luz em si, mas pelo facto de
ela incidir directa e indirectamente na beleza arquitectónica geométrica ou
orgânica. A cidade é como uma casa grande cheia de assoalhadas, portas e
janelas, elementos decorativos e cores vibrantes, em que o tecto é um enorme
céu azul. Na cidade não há vizinhos, moramos todos na mesma casa. Pelos
extensos e sinuosos corredores desta enorme moradia ouve-se musica, poesia,
conversas, discussões, confusões, trambolhões e outras sonorizações da dor de
viver. Na cave há contrabando e jogos ilícitos. No hall principal duzentos
milhares de visitantes amontoam-se para entrar e outros tantos para os receber.
Nas escadarias, um corropio acima-abaixo. No terraço todos se encontram ao fim
da tarde para admirar a obra da humanidade. Talvez sejamos uma praga, mas como
é bela esta praga.
Já
vai longa esta missiva. Deixo para o fim um assunto que me preocupa, e cujo
cariz sensível me leva a simplificar. Soube por fontes de informação de grande
fidelidade, através dos mais conceituados informadores da nossa praça, aqueles
que por vezes arriscam a própria vida para recolher informações nos mais recônditos
antros do secretismo, que o Dr. Mara foi deslocalizado. Não que tenha sido
desprovido de um local, pois isso seria aritmeticamente impossível, mas terá
sido "transplantado" para outro contexto. Espero sinceramente que se
adapte ao novo terreno, que apanhe muito sol e que seja devidamente regado,
pois sei que por onde passa, deixa sempre bons frutos.
Um abraço
Janeiro Alves
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
Carlos Paredes: Dez anos depois!
Há quem o só tenha visto uma vez em
concerto. Foi no Teatro Rivoli, na cidade do Porto, antes de morrer. Calafrios,
emoção e rendição, pois claro. Dez anos depois do seu desaparecimento a música
dele continua a ser um monumento. Um monumento que pode ir connosco para todo o
lado ou ficar no interior de nós, muito bem guardadinho. Quem o conheceu diz
que era uma pessoa simples, amável, generoso, amigo do seu amigo. Ele não
precisa de estátuas nem de panteão mas sim de tocar na rádio, nos quartos, na
sala de estar ou nalgum lugar em que ele seja orgulhosamente recordado. Se
Portugal for um país de pessoas boas, sensíveis e delicadas, arranjará forma da música dele tocar hoje em
tudo o que for tasco, taberna ou casa de pasto em sinal de homenagem,
celebração e brio. Este exímio guitarrista bem o merece.Viva Carlos Paredes!
sábado, 15 de fevereiro de 2014
Nuvem Nómada
Por
onde anda a nuvem nómada? Da janela é fácil avistar o halo da hélice em aflição
e neste atlântico veio o espraiar da largueza deste olhar que consente a
lonjura e a desmesura deste oceano. Este movente pássaro transporta
um ser a levitar de uma ilha a outra e é como se remetesse um dolente fardo, um
aéreo corpo em fuga, magoado, estendido, confinado à sua existência de assento
e de passageiro em trânsito. Um cagarro apavorado e à deriva. Atento unicamente
à luz e ao seu arco proveniente da janela onde o carregado da cor do mar e do
celeste céu é suficiente para afinar as agulhas da melancolia encoberta. Sem
horas de sono, a imaginação tende a derreter e a discorrer sobre os minutos,
os segundos, o tempo veloz e o ar rarefeito, contraído, para daqui a pouco regressar ao
horizontal leito em dormência acelerada. Desligar o lastro de fogo e lume dessa
boémia estada, ainda que ilustrada, é agora caminho lento que se percorre até
aos motivos de um promissor presente. No fim da viagem é na curva descrição da asa, em plena queda, que
se instala a ambicionada fadiga e daqui
de cima se abraça a aproximação à pista deslocando por momentos o devaneio de um quarto ao
fundo, um lugar interior para repousar a cabeça e poisar o ombro, enfim pernoitar.
Beneficiar por instantes do ampliado desenho na aterragem é já um contentamento
atmosférico. Já não adianta conjecturar ilusões sobre o fundo do mar ou
fantasiar com os barcos a afastarem-se ao longe. De súbito, estrear no vidro o
toque da nómada nuvem a conflituar com o vento na descida. Medo. E já nem a advertência do sonho chega
com a queda de água oriunda desse céu coberto de nuvens negras, por sinal
sedentárias, que obrigam a acordar. A despedida da nuvem nómada.
Invocações
hoje
os naufrágios nas gavetas
tomam o ritmo dos dias
na neblina de seu seio
a nudez e a luz
confundem-se nas camadas
do agnosticismo natural das coisas
(deus não é eterno
os naufrágios nas gavetas
tomam o ritmo dos dias
na neblina de seu seio
a nudez e a luz
confundem-se nas camadas
do agnosticismo natural das coisas
(deus não é eterno
por detrás
das colinas do medo)
a distância
sobejando as
trevas
feitas da prata e dos teus ossos
numa escura condensação
de ecos
e silêncios
germina-se ou derrama-se
o interior
das coisas
conforme o sangue
ou as lágrimas
quando se adia o silêncio ofegante
das consequências
invocamos casas
melodiosamente desconhecidas
nas esquinas
quando surgem teus olhos
tua voz
inteiros concretos palpáveis
e juntos rompemos as palavras
das extensas narrativas do tempo
a distância
feitas da prata e dos teus ossos
numa escura condensação
de ecos
e silêncios
germina-se ou derrama-se
conforme o sangue
ou as lágrimas
quando se adia o silêncio ofegante
das consequências
invocamos casas
melodiosamente desconhecidas
nas esquinas
quando surgem teus olhos
tua voz
inteiros concretos palpáveis
e juntos rompemos as palavras
das extensas narrativas do tempo
Leonardo Sousa in “há-de flutuar uma
cidade no crepúsculo da vida”, Letras Lavadas, 2013.
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014
Fazendo nº89
Saiu mais uma edição do Boletim
Cultural Fazendo (https://issuu.com/fazendofazendo)na cidade da Horta, Ilha do Faial. Este é mais uma edição de
um Fazendo renovado que retoma a sua periodicidade habitual, isto é, às suas
edições mensais. Saúde-se mais um regresso do boletim cultural à comunidade
leitora açoriana Estae número está já disponível na sua edição online: http://fazendofazendo.blogspot.pt. O design é fresco e arejado, pois conta com a marca de
Ambas as Duas. O núcleo editorial é da responsabilidade do Tomás Melo e da
Aurora Ribeiro, passando agora passou também a ser distribuído em quatro ilhas do
arquipélago açoriano: Faial, Pico, Terceira e São Miguel. Esta nova edição do
Fazendo continua, portanto, a informar que este boletim é comunitário,
independente e, por isso, gratuito.
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
Douta Inquietude
Levaste contigo a locomotiva
douta inquietação a rasgar
as virtudes do vento e do azul
as linhas do céu plangente
cartas por escrever com destino certo
ruidosos dias estilhaçados
de tudo o que se tem para dizer
douta inquietação a rasgar
as virtudes do vento e do azul
as linhas do céu plangente
cartas por escrever com destino certo
ruidosos dias estilhaçados
de tudo o que se tem para dizer
João da Ponte
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
Deviam ser rosas ou talvez vinho
Deviam ser
rosas ou talvez vinho
À volta da
mesa tudo parecia ter voltado
Muda mundo
sem quedar mudo
De tanto que
houve para dizer
Agora é o sol
vestido e pouco mais
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
Douta Melancolia
Trazes contigo a locomotiva
douta melancolia a resistir
das virtudes do vento e do azul
as linhas do céu plangente
cartas escritas sem destinatário
silenciosos dias amortalhados
de tudo o que não se é capaz de dizer.
douta melancolia a resistir
das virtudes do vento e do azul
as linhas do céu plangente
cartas escritas sem destinatário
silenciosos dias amortalhados
de tudo o que não se é capaz de dizer.
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
Canção para Paula e o Farol
Cinzas, magma, pedra-pomes
na terra prometida o esfumar
desolação, ventos consentidos,
deram por termo à travessia
lava e laços derretidos
comum paisagem elidida.
incansável vaivém nocturno
retomar de insular deriva
marés e moinhos agitados
apagam rosto do vulcão
o seco cerúleo das hortênsias
destino de funesta invernia.
na terra prometida o esfumar
desolação, ventos consentidos,
deram por termo à travessia
lava e laços derretidos
comum paisagem elidida.
Recuo ao dominical espelho
sofá inclinado a bombordo incansável vaivém nocturno
retomar de insular deriva
marés e moinhos agitados
apagam rosto do vulcão
o seco cerúleo das hortênsias
destino de funesta invernia.
De Cara a la Pared
foi talvez a nossa última canção.
oiço ainda os corpos a vincar a noite,
um campo minado de corações tristes
explodindo o rosto na parede.
muitas músicas depois
quando as paredes eram já outras
e nas caras se perdiam novos nomes
e a culpa de a ter levado
a um coração onde as canções
morreriam de frio.
Renata Correia Botelho [in small song, Averno, 2010]
oiço ainda os corpos a vincar a noite,
um campo minado de corações tristes
explodindo o rosto na parede.
muitas músicas depois
quando as paredes eram já outras
e nas caras se perdiam novos nomes
voltei a ela: ficara-me sempre,
afinal,
um terrível verso solitárioe a culpa de a ter levado
a um coração onde as canções
morreriam de frio.
Renata Correia Botelho [in small song, Averno, 2010]
As Charlas Quotidianas do Doutor Mara na Travessa dos Artistas
"As Charlas Quotidianas do Doutor Mara” tiveram hoje, domingo, a sua primeira apresentação pública na
Travessa dos Artistas, em Ponta Delgada, com o capítulo “Futurofagia”, que
contou com a participação do actor João Malaquias e da actriz Judite Fernandes,
para além dos desenhos ilustrados e criados para o efeito, realizados pelo arquitecto/ilustrador
Luís Brum.
sábado, 1 de fevereiro de 2014
Trazer o Exílio no Semblante
Ilustração de Pedro Valim |
Não adianta debandar mas a verdade
é que deixaram aquelas pessoas sós. Demasiado desamparadas. Remediar esse
desapego dizendo que elas caminham sempre com as meias e os sapatos rotos. Que indigência
ver aquela gente necessitada de alma por ali sem rumo nem vitória. A sua vida
comporta químicos e líquidos e sobeja água incessante por todos os lados.
E nas gavetas os passaportes ainda que só viajem pelas ruas do seu país sob
protectorado. E vê-los ali, parados, sem tão pouco conseguir proferir os seus
pensamentos em português piegas quase dói. Bem podiam começar logo pela manhã a
escrever o seu primeiro poema com o título “Encharcados de Lágrimas” e propor às
editoras ainda existentes que abrissem os seus pequenos livros de poemas com
mais olhos do que barriga. Contos de barriga vazia. Sabe-se agora que escrevem
melhor prosa do que poesia pois descrevem memórias de outras paragens de forma
tão triste e pesarosa. Discorrem sobre partidas e amores quase todos eles
desiludidos e evaporados tal como o álcool nocturno consumido em bares de
cidades antigas, abandonadas. Sobreviveremos mesmo sem desejarmos, não tenhamos
dúvidas. Ou talvez estejamos já acostumados, anestesiados a essa certeza de
nada nem ninguém já querer patavina nem ninguém por aqui. É certo: escaparemos
deste lugar e exilar-nos-emos para lá do que está previsto. Confiaremos cegamente
nas estatísticas e em tantas imagens que nos injectam e assaltam diariamente e,
dia após dia, devagar, muito devagar, começarão todos a partir. E mesmo assim
estas pobres pessoas ficarão sozinhas, cada vez mais isoladas, nesse país à
beira-mar defenestrado. Por isso não devíamos ir embora nunca. Nem aceitar exílios
prolongados que permitissem que qualquer pensamento de mudança se perdesse em
calendas gregas, agora também irlandesas. Quanto ao mundo é normal que permaneça
cedido a engravatados de tráficos e demais comércios e aos comentadores das vagas e da incerteza. Desterrados de qualquer fé ou convicção já não incomodaremos
mais nada nem ninguém. Banidos das ruas e das praças é estimado que fiquemos quietos,
letárgicos e desanimados. Deportados de sentido ou de qualquer esperança. Apartamos de
qualquer força ou energia. Sucumbiremos a tanta vontade de nos movermos daqui para
fora. Assumiremos que mais grave do que exilar-se é o exílio dentro de nós.
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